Parecem farmácias e medicamentos de verdade, mas não são. São lojas de doces e gomas. A “DreamPills” é uma empresa portuguesa que aposta no conceito de “farmácia de doces”, diz Mariana, uma funcionária da loja do Porto. “A medicação disponível passa por gomas, chocolates e chicletes. As pessoas escolhem o frasco que querem, põem a ‘medicação’ de que precisam dentro do frasquinho e, por último, escolhem a indicação terapêutica, que é a frase para o mal em causa”, acrescenta.

Se, por um lado, trata-se de um conceito de negócio diferente, por outro, gera alguma preocupação por parte dos pais. Amadeu Cardoso, presidente da Federação das Associações de Pais de Vila Nova de Gaia (Fedapagaia), aponta o maior receio em relação ao produto: “Se temos este tipo de gomas a serem vendidas em formato de medicamentos, há uma aproximação em termos de consciência e mesmo de subconsciência por parte da criança, de que as coisas que estão dentro dos medicamentos não têm qualquer perigo”.

No ano passado, esta questão já gerou alguma controvérsia. Nas lojas de roupa infantil “Zippy”, onde as “DreamPills” eram vendidas, os pais mostraram indignação nas redes sociais, o que obrigou a empresa a modificar a sua abordagem para aquela loja: “Mudaram o nome e a forma que vendiam. Deixou de ser tão farmacêutico, para não ferir suscetibilidades”, explica Mariana.

Amadeu Cardoso aponta outros produtos à atenção dos pais: “Mesmo os diuréticos e outras substâncias que não são propriamente fármacos devem ser alvo de algum cuidado na forma como são utilizados, já que existe uma grande igualdade em termos de embalagem”. Amadeu acrescenta que esta associação pode ser perigosa, pois “leva as crianças a não terem tanto medo dos medicamentos”, que “só devem ser prescritos por pessoas especializadas, como é o caso dos médicos”.