A menor circulação de autocarros e o aumento das agressões aos motoristas foram as principais razões que levaram os trabalhadores da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) a reunirem-se na estação do Metro da Trindade.

A iniciativa foi promovida por três organizações sindicais afetas à CGTP (FECTRANS, STRUN e USP) e teve também como objetivo apelar à compreensão dos utentes da STCP, cada vez mais descontentes com o serviço da empresa de transportes.

Mário Ramos, motorista da STCP e delegado sindical do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), explicou que o descontentamento dos utilizadores está a ser provocado pelo menor número de autocarros e de motoristas efetivos.

O dirigente lamenta que “o número de motoristas tenha vindo a diminuir ao longo dos anos.” Os trabalhadores que se reformam “não estão a ser repostos e a empresa tem vindo a fazer um reajuste do número de autocarros em virtude do número de motoristas”.

A situação tem originado uma diminuição na circulação e na frequência dos autocarros do Porto. O delegado sindical da STRUN considera que “faltam cerca de 80 motoristas na STCP” para prestar um serviço de qualidade à população. A tensão nos transportes públicos tem aumentado e a são cada vez mais as queixas de agressões por parte dos funcionários. “Há uma agressividade superior face aos motoristas, porque são quem dá a cara”, admite Mário Ramos.

João Torres, coordenador da União de Sindicatos do Porto (USP), vê os atuais problemas da STCP como o início de outros que poderão surgir com a privatização da empresa. Para o dirigente, “a maioria dos utentes não faz ideia do que está em causa com a privatização”, pelo que foi necessário alertar os portugueses na ação desta quinta-feira, dia 20. “Quando há privatizações, quem fica a perder é o país”, explicou João Torres, referindo-se à qualidade dos transportes e aos preços praticados.

João Lima utiliza os transportes da STCP diariamente e também considera que a qualidade do serviço diminuiu. Apesar de nunca ter assistido a “grandes conflitos” nos autocarros do Porto, admite que “já há muito tempo que as pessoas andam desmotivadas em relação aos transportes”.

Também Rosalina Santos, que anda de autocarro frequentemente, reconhece o problema. “Há menos autocarros e há mais tensão. Anda tudo a mandar vir”. A utente admite ter medo que os preços subam com a privatização da STCP e lamenta a diminuição da qualidade do serviço de transportes. “Andamos com o passe no bolso e andamos a pé”, conclui.