No seu décimo aniversário, o JornalismoPortoNet (JPN) foi conhecer os outros media da Universidade do Porto (UP). O mais antigo destes órgãos de comunicação é o Jornal Universitário do Porto (JUP), fundado em 1987, e que este ano iniciou uma nova fase, com o lançamento da edição online e o regresso do jornal impresso após um interregno de dois anos, devido à crise.

Nuno Moniz, diretor do JUP, agradece o esforço da UP e mantém-se otimista para esta nova fase. “O JUP parou por causa da crise. Cada corte na Educação e Ensino Superior significa um corte na Universidade do Porto e um corte na UP significa um corte no financiamento do JUP. A UP tem tido uma mentalidade de apoio bastante boa e apreciável ao jornalismo universitário, mas as pessoas não fazem milagres e a crise determinou a pausa”. O site do JUP foi a novidade no regresso, que tem como objetivo “chegar mais longe, ou seja, aos estudantes universitários e mais um bocadinho e manter uma regularidade de redação”.

Os estudantes universitários são o público-alvo de todos os órgãos enunciados e o objetivo é informar toda a comunidade académica, contudo, para Joana Miranda, representante da TV.U, “o JPN tem um alcance muito para além da sua comunidade académica”. A missão da TV.U também é servir a universidade e, por isso, Joana Miranda refere: nestes projetos, “temos é de nos preocupar sempre para que ninguém nos acuse de fazer um mau trabalho” e que se o trabalho realizado for visto nem que seja por cinco pessoas já vale a pena, “no sentido mais académico do termo”.

Mas será que o jornalismo feito nestes projetos académicos difere daquele que é feito nos outros media? Nuno Moniz não tem dúvidas: “Primeiro porque o jornalismo universitário tem um cariz diferente daquele que considero mainstream. Na verdade, nós temos um pouco mais à vontade e corremos menos riscos e assim podemos ter mais ambição”, diz. Joana Miranda destaca que a seriedade do trabalho é a mesma, mas concorda com a ideia de maior liberdade.

Na Faculdade de Engenharia da UP (FEUP) está sediada a Engenharia Rádio, coordenada por Miguel Heleno. A rádio comemorou este mês sete anos, depois da sua criação em 2007. Miguel Heleno afirma que “hoje é uma rádio além-fronteiras” em vez de ser a rádio da faculdade. E como se classifica a Engenharia Rádio? O responsável diz que não é uma “rádio comercial”, já que informam, fazem reportagens, têm programas de entretenimento, passatempos, mas têm uma grande diferença em relação a todas as outras: “Não temos qualquer restrição editorial e são as pessoas que vão construindo aos bocadinhos a rádio”. Miguel afirma, tal como Joana Marinho e Nuno Moniz, que existe uma maior liberdade e que o que lá é feito não segue “técnicas específicas de jornalismo e o seu formalismo ao contrário do que é feito pelo JPN”.

Somos diferentes dos outros?

Estes media procuram fazer um trabalho idêntico ao dos media tradicionais, com as devidas diferenças. Contudo, coloca-se a questão: “A recetividade, por parte das pessoas e das organizações de eventos, é a mesma caso o órgão seja a TVI, Público ou o JPN?”. Joana Miranda diz que a mentalidade das pessoas já mudou e que já não ligam só às grandes câmaras. Miguel Heleno partilha da ideia, mas conta como dentro da própria UP às vezes sente diferenças de tratamento.

E pelo público-alvo? Há interesse? Nuno Moniz diz que os jornais são feitos para “colegas nossos” e que “isso faz com que o resultado final seja muito à medida daquilo que vamos apanhando nos corredores e salas de aulas. Nos outros jornais isso não é assim”.

Joana Miranda realça que é fundamental não dar por adquirido o público-alvo: “Não é por existirmos que toda a gente vai gostar de nós, que somos espetaculares e que fazemos um trabalho brilhante e toda a comunidade está interessada em nós. Não acho que só por existirmos as pessoas vão chegar a nós. Temos missões diferentes (JPN e TV.U), mas servimos a mesma comunidade”, garante.

Em todos os trabalhos é preciso “ter muitíssimo respeito por quem nos vê, por quem nos lê, por quem nos ouve e nunca ter julgamentos morais que os jovens não leem, ou que ninguém está interessado no nosso vídeo. Não temos que ter porque as opções são imensas e cada um se informa como quer, quando quer e onde quer. O que torna a nossa vida bem mais complicada”, acrescenta ainda a coordenadora da TV.U.

“Parabéns a você”

São dez anos de JPN, dez anos com muita gente a colaborar, com professores a ser a base de todo o projeto, que sempre contou com o apoio da Universidade do Porto.

Miguel Heleno dá os parabéns ao JPN, enaltecendo a entrega dos alunos. “Dez anos é muito bom, vocês têm outros apoios, têm professores que puxam pelo projeto e isso é bom, mas acho que sem os alunos e esta vontade que alguns têm de continuar, as coisas não aconteciam”.

Nuno Moniz congratula o JPN desejando “mais dez, vinte ou trinta anos”. enquanto Joana Miranda manda os parabéns a todos que participaram e participam no projeto, recordando que “parece que ainda foi ontem o começo”.