Ela é natural de Coruche e ele de Beja, mas o entusiasmo de ambos por atuar na Invicta foi óbvio ainda antes da primeira música, “Despiu a Saudade”. Dos temas mais ouvidos nas rádios, como “Desfado” e “Lambreta”, aos menos conhecidos, como “Fado Alado” e “Milagrário Pessoal”, Ana Moura e António Zambujo alternaram solos com duetos recheados de intensidade.

Ao longo do alinhamento, a banda rodopiou, com a parceria dos músicos de um e do outro. “A Ana Moura já é grande há muitos anos e está cada vez maior! (…) E o Zambujo segue o mesmo caminho. Também já está com uma ascensão incrível”, comprova a Sons em Trânsito, produtora de ambos os artistas.

Ainda que os grandes concertos sejam mais mediáticos e movimentem mais audiências, a Sons em Trânsito garante que é muito importante levar a música portuguesa aos palcos mais pequenos, de Norte a Sul. “Quando não estão na estrada lá fora, estão na estrada cá dentro”.

A Febre do Fado

“O público é muito eclético, vai desde estudantes universitários até avós”. O “novo fado” atrai novas audiências e leva pela mão toda a música portuguesa, que atravessa uma “idade de ouro”, depois de o Fado ter sido reconhecido como Património Imaterial da Humanidade. Os fadistas de hoje tendem a apostar em sonoridades e influências exóticas e apaixonam ouvintes cada vez mais jovens, que deixam o “fado tradicional” para os mais velhos.

O concerto no Coliseu do Porto veio no seguimento de um outro que a dupla deu, em dezembro, no Centro Cultural Belém, a convite do Museu do Fado. Apesar de a lotação esgotada e da repetição do espetáculo em Lisboa, não se prevê a remarcação do concerto no Porto nos próximos tempos. “Juntá-los é muito difícil. Cada um deles está com uma carreira incrível”, afirma a fonte da Sons em Trânsito. “Quem não viu estes vai ter de esperar um bocadinho. (…) Talvez para o ano”.