O III Fórum de Treinadores de Futebol/Futsal, que, até esta terça-feira, decorre na Maia, abriu com o painel “1 para 1”, em que Alexandre Afonso, jornalista Antena 1, esteve frente a Jesualdo Ferreira. O ex-técnico do Braga, sempre bem disposto, foi falando à plateia sobre a liderança e o papel do treinador no futebol profissional. Jesualdo defende que o treinador “deixou de ser o homem que chega de manhã, fala e treina, agora trabalha muitas áreas”.

Para Jesualdo Ferreira, a coordenação e a capacidade de entenderem as suas funções dentro de campo é fundamental para o desempenho dos jogadores. O treinador realçou a menor autonomia que os treinadores vão tendo atualmente, destacando o papel das forças exteriores no negócio do futebol.

Jesualdo destacou que são poucos os momentos em que o treinador de facto tem um papel de liderança nos 90 minutos e, por isso, não deixou de afirmar que o papel do jogador é mais importante e que quanto mais este souber desempenhar as suas funções, mais fácil é alcançar o sucesso coletivo.

A perda de autonomia por parte do treinador foi destacada no segundo painel do dia, por Manuel Machado, treinador do CD Nacional, que explicou que “existem quatro dimensões determinantes: desporto, jogo, espetáculo e negócio, e estas duas últimas influenciam o trabalho do treinador e não podem ser controláveis por ele”.

Três selecionadores à conversa

Domingos Paciência, Humberto Coelho, João Alves, Bernardino Pedroto, Secretário, Paulo Alves, Casquilha, Carlos Brito, Leonel Pontes foram alguns dos ilustres que assistiram ao primeiro dia do Fórum. O destaque desta terça-feira vai para o painel que incluirá os três selecionadores portugueses que estarão no Mundial do Brasil: Paulo Bento, Carlos Queiróz (Irão) e Fernando Santos (Grécia).

“Eu sou mecânico de manutenção”

O segundo painel do dia contou com a presença do professor Júlio Garganta, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), de Manuel Machado, treinador do CD Nacional e ainda de Leonardo Jardim, técnico do Sporting CP. Manuel Machado, que esteve no painel ao lado de Jardim, criticou o calendário do campeonato português, falando de uma “competição desajustada” e explicou que, à exceção feita a Benfica, Porto e Sporting, todos os outros clubes têm pouco ritmo competitivo.

O técnico fala mesmo numa “saturação a nível de treinos” por parte dos jogadores e que é preciso “competir muito mais”. Leonardo Jardim não comentou diretamente as declarações do técnico da equipa madeirense, optando por assinalar que o facto de jogar mais vezes não deve levar os treinadores a prepararem de forma menos eficiente as suas equipas.

Relativamente ao alto rendimento nas respetivas equipas, Manuel Machado não escondeu que o trabalho dos treinadores está sempre dependente de fatores externos ao próprio jogo, com particular destaque para o mercado de transferências. Para Leonardo Jardim, a única possibilidade de manter sempre o alto rendimento passa pelo trabalho diário com os jogadores, assegurando a preparação de todas as variáveis que se relacionem com os atletas.

Palestras e treinos abertos na Maia

Na parte da tarde, o Fórum prosseguiu com dois treinos, um de futebol dado por Rui Vitória, treinador do Vitória de Guimarães, e outro de futsal orientado por Venancio Lopez, selecionador espanhol da modalidade, e com mais conferências com Rui Quinta, treinador adjunto de Vitor Pereira, aquando da passagem pelo FC Porto, e André Teixeira, ex-treinador da equipa do Modicus Sandim, atualmente na 1.ª Divisão do Campeonato Nacional de Futsal.