Unidade 8 é uma revista histórica da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) que apareceu em 1988 pela mão de Jorge Ferreira. Entretanto, outros nomes deram corpo às edições seguintes e agora, está a ser preparada o oitavo número, que usa competições internacionais como forma de se obter conteúdo para a publicação.

Pedro Bragança, estudante da FAUP, é um dos membros que está a dar vida à publicação e explica ao JPN que a revista Unidade “parte de grupos informais e tem uma periodicidade irregular. Nem tem um corpo editorial fixo. Cada projeto de revista desde a sua fundação é uma refundação do próprio conceito”, afirma.

Trabalhada por um “grupo informal de estudantes”, e cinco anos depois desde a edição número sete, “o contexto político e social do país” e “o contexto do projeto pedagógico da Escola de Arquitetura do Porto” justificam o lançamento de um novo número.

A história desta publicação não é desconhecida e o seu papel na área disciplinar também não. “Tem um papel importantíssimo na historiografia política da Escola de Arquitetura do Porto e serviu como uma espécie de espelho e foi reflexiva em relação à própria desde a sua fundação”, refere Pedro Bragança.

A revista está a ser preparada há um ano e foi tornado agora público o início do processo para o seu lançamento.

E no fundo, qual é a ideia?

Esta edição já tem um mote bem determinado: “A exposição do real”. O seu lançamento está previsto para o próximo outono e está dividida num tríptico. “O primeiro fascículo” será uma explicação mais teórica do tema da publicação. “O segundo e terceiro fascículos chamam-se ‘Contaminações'” e serão lançados um mês depois do primeiro, com os trabalhos escolhidos para preencherem a publicação.

O tema de debate e discussão assenta no território real que está fora dos centros históricos e das cidades consolidadas. “Nós passamos muito tempo a pensar as cidades históricas, os centros históricos, como tratar o tema da reabilitação urbana, como resolver a questão dos monumentos, quando no fundo temos simultaneamente um território imenso, genericamente disperso que não tem sido o centro da atenção destas disciplinas e é isso que pretendemos”, explica Pedro Bragança.

Isto porque, de acordo com o estudante, “os centros históricos têm absorvido grande parte da atenção das disciplinas, nomeadamente da arquitetura nos últimos anos”.
Por isso, o objetivo desta publicação passa por despertar mentalidades e “tentar contaminar com as formas e o modo de vida os territórios exteriores às cidades e tentar fazer uma espécie de curto-circuito nos processos disciplinares e na crítica dentro da arquitetura”.

Convocatórias já foram lançadas

Prazos para as convocatórias

Até 1 de junho, podem ser enviados resumos de artigos para Call for Papers. Depois, serão sujeitos a uma avaliação de um júri composto por Souto Moura, Valerio Olgiati e Camilo Rebelo para se escolherem os que serão publicados. As inscrições para Call for Projects terminam a 17 de maio e os trabalhos podem ser entregues até 15 de julho.

Integradas nesta publicação, surgem as convocatórias públicas Call for Projects e Call for Papers, competições geradoras de conteúdos para a publicação. Call for projects “é um concurso internacional de arquitectura, um exercício de ideias essencialmente dedicado a jovens.

Tem um limite de idade, 35 anos, mas podem participar pessoas da área da arquitetura, arquitetura paisagística, grupos com áreas interdisciplinares, urbanística, geografia, sociologia. No fundo, estes temas que têm a ver com o território e essencialmente este altamente disperso que caracteriza o noroeste português, cruza praticamente todas as disciplinas das ciências sociais e humanas e das artes, por isso não fazia sentido, do nosso ponto de vista, avançar com uma convocatória desta natureza e torná-la quase feudal para alguma disciplina”.

Assim, o objetivo destas competições é que participem pessoas de todas as áreas e de todas as naturezas. “A convocatória é absolutamente abrangente do ponto de vista das nacionalidades, da área disciplinar, da formação, idade, etc”, esclarece Pedro Bragança.

As reflexões sobre o território podem ser expressadas de várias formas – desenho, textos, fotografias – e a divulgação internacional tem sido uma das apostas desta edição. “Temos recebido contactos de todos os continentes a pensarem também sobre o seu ponto de vista que à partida é diferente. Julgo que residirá nisso o principal interesse deste exercício. Trazer pessoas de todas as origens, cujos caracteres culturais variam de uma forma muito intensa”, refere Pedro Bragança.

Quer sejam portugueses, quer sejam estrangeiros, o essencial é que “estes temas sejam debatidos e façam parte dos projetos críticos da academia nos próximos anos”, termina o aluno da FAUP.

Notícia atualizada às 13h30 do dia 2 de abril