Quem vem, vem para ser inspirado. É com isso que pode contar quando assiste a uma conferência do Ignite Portugal. Num formato muito descontraído, ao contrário das conferências a que estamos habituados, o Ignite dá voz durante cinco minutos a quem quiser expressar a sua opinião sobre o assunto da ‘ordem de trabalhos’.

Numa conferência na escola Carolina Michaëlis, esta quarta-feira, 26 de março, o tema foi “Educação e Criatividade” e muitos foram os oradores que, através da divulgação dos seus projetos e dos seus pontos de vista, deixaram a plateia às gargalhadas. São estes os speakers que, em cima de uma palete, são acompanhados por 20 slides que rodam automaticamente a cada 15 segundos. O lema é sempre o mesmo: “Inspirem-nos, mas façam-no rápido”.

Novas palavras, novas visões

Jorge Sequeira veio até ao Ignite com uma nova palavra criada – “criativação”. Defendeu que a escola “deve privilegiar quem pensa diferente” e que temos de “abandonar a versão KISS (Keep It Short and Simple)” e passar a ser MISS (Make It Smart and Sexy), para criar coisas inteligíveis, sedutoras e estimulantes.

E para quem não sabe o que é o “Mindfulness”, Catarina Cunha deixou uma dica: desenvolver a consciência plena, concentrar-se “no aqui e no agora” e “desligar o piloto automático” para que consiga ser mais criativo. Outro psicólogo, Nuno Batista, veio falar de coisas positivas. As coisas são simples e as coisas custam pouco: “casa é abrigo” e “todos somos diamantes uns dos outros”.

A educação nas escolas

A escola é ainda hoje um local com “um professor e muitos alunos”, onde tudo é “repetido e repetitivo”, onde não há horas para “relaxar e descansar”. Ana Ferreira acredita que, antigamente, “a escola preparava para a vida”, hoje, “a escola prepara para a escola”.

De conceitos ultrapassados, se quer desfazer também Tiago Pedras, criador do ‘The Golden Coconut Award’, que trouxe consigo o exemplo da Finlândia, onde as crianças têm muito menos trabalhos de casa e onde as aulas têm uma dinâmica completamente diferente.

A palete recebeu ainda a Escola de 2.ª oportunidade de Matosinhos. Um lugar de novas oportunidades trazido por Luís Mesquita, que fez ver como escolas como esta são fundamentais para combater o abandono escolar dos jovens.

Os novos pais ‘coaches’

O desporto na educação dos filhos é uma fórmula que conta já com muitos adeptos e foi trazida ao Ignite por Hugo Marques. “Somos nós, pais, que definimos os objetivos das nossas equipas”, explica. Acredita que as crianças devem ser educadas por pais que escutem os filhos e que os orientem.

Já Lara Moutinho veio falar do seu “príncipe do caos”. Esta mãe acha que, hoje em dia, “pensar em termos de competências” é o ponto de partida para “construir uma pessoa com pés e cabeça”.

O voluntariado dentro e fora da comunidade

Os projetos de quem decidiu dar uma ajuda perto de casa também passaram pela palete. De Espinho “para o mundo” e a fazer rap, chegou Tiago Ferreira que, com o graffiti, já consegue ser professor. Paulo Aguiar, o “miúdo do nada”, decidiu dar uso aos seus talentos e começou a dar aulas a jovens do seu bairro – uma forma de não deixar morrer o seu lado criativo.

Além fronteiras, o Ignite recebeu o exemplo de Gonçalo Silva, fundador da Associação Gap Year Portugal, que decidiu fazer voluntariado em países como a Índia e o Nepal, onde “uma experiência super interessante”, o ajudou a decidir o seu futuro.

Para partilhar sonhos, Gustavo Carona perguntou: “E se fosses tu a nascer no lado errado?”, em locais onde a guerra destrói a vida de milhares de pessoas e onde Gustavo, aliado aos Médicos sem Fronteiras, ajuda a salvar vidas. Também para Joana Moreira, voluntária há oito anos, “voluntariado é perceber que somos mais pessoas quando nos damos aos outros”.

Inspirados numa cultura aborígene australiana, Rodrigo Viterbo e a família são “The Walkabout Family”, voluntários que trabalham com os jovens para que “aprendam a fazer melhores escolhas”.

Alegria, a abrir e a fechar

Esta edição do Ignite Portugal, contou com a presença membros dos Transformers que ‘quebraram o gelo’ no início da conferência. Para além do momento abraço típico do Ignite, houve espaço para um jogo de imitações, música e danças.

Também de música se fez a apresentação de Vítor Fernandes, ‘Bitocas’ para os amigos, que deixou a palete para usar uma ‘mesa de mistura’. Os instrumentos foram as próprias pessoas que assistiam à apresentação. Num ambiente contagiante, Vítor e a plateia fizeram música à “boa maneira” do povo Arti.

No final, ainda houve tempo para os igniters tirarem um selfie com o público e seguirem o conselho da transformer Adriana: doar sorrisos.