Kajal Ratanji nasceu na cidade de Maputo, em Moçambique, e veio para Portugal há 34 anos. Nunca visitou o país de origem mas quer fazê-lo assim que tiver oportunidade. Como já falava português, não passou por grandes dificuldades de integração e Portugal continua a ser o país eleito porque sempre foi bem recebida.

Vive no Porto com a família, mas faz questão de se juntar ao resto da comunidade para celebrar datas importantes da tradição indiana. Kajal é praticante do hinduísmo e, atualmente, fá-lo apenas a nível espiritual. Uma das formas de o conseguir é através do ioga, a base da filosofia indiana.

No dia em que entrevistamos Kajal, estava a tomar conta da loja do irmão e da cunhada. “Flor d’Açafrão” é uma pequena mas recheada loja de especiarias, chás, ervas aromáticas e outros produtos indianos e orientais. Além dos produtos, promove workshops de culinária indiana.

Kajal dá aulas de dança há quatro anos. Começou a dançar quando tinha oito e hoje, considera a dança uma paixão. Através dela, transmite os seus conhecimentos sobre os valores e costumes da Índia e faz questão de celebrar com as suas alunas as datas mais importantes da religião.

Baboo Ratanji e o Tajmahal

Foi na loja Taj Mahal, aberta há 25 anos, em pleno coração do Porto, que entrevistamos o proprietário do espaço, Baboo Ratanji. De origem indiana mas nascido em Moçambique há 66 anos, Baboo veio para Portugal há 30. À semelhança de Kajal, também nunca visitou o seu país de origem nem teve problemas de integração. Os seus filhos nasceram todos em território português e desde cedo se acostumaram a conviver com duas culturas distintas.

Praticante da religião hindu, Baboo faz questão de estar sempre presente junto dos familiares, dos amigos e da restante comunidade nas festividades religiosas, como é o caso do Diwali, o “festival das luzes”, equivalente ao Natal cristão.

Um sucesso gastronómico

Kamal Rajani é proprietário do restaurante “Mendi” (expressão indiana, sinónimo de boa sorte, pureza e alegria), o mais antigo restaurante indiano do Porto. Kamal Rajani está a viver em Portugal há 32 anos, por cá casou e criou família. Não teve problemas de integração, mas revela que os seus cozinheiros, oriundos de Uttar Pradesh (o estado mais populoso do mundo), sofreram de problemas de racismo quando aterraram em Portugal.

Há 15 anos, decidiu abrir um restaurante indiano porque não havia nenhum na cidade e o negócio facilmente ganhou fama. Kamal é hindu e afirma não ter quaisquer problemas em praticar a sua religião no Porto. Confessa que uma das suas maiores curiosidades é visitar a Índia.

Kajal, Baboo e Kamal chegaram a Portugal e conseguiram estabelecer os seus negócios que ainda hoje se mantêm. Apesar do desejo de conhecer o país das suas origens, estes indianos não querem deixar a terra que os acolheu.