Depois da candidatura de Argentina, Chile e México terem sido preteridas, ficou-se a saber que, depois da Suíça, seria a Suécia a acolher a sexta edição do Campeonato do Mundo. Os anfitriões e os campeões de então, a República Federal da Alemanha, garantiram automaticamente a qualificação para uma competição que contou com a participação da estreante União Soviética e de quatro nações do Reino Unido: Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. Entre os ausentes figuraram nomes sonantes como a Itália, o Uruguai (bicampeões), a Bélgica e a Espanha.

O formato da competição voltou a registar alterações. As 16 equipas qualificadas seriam distribuídas equitativamente por quatro grupos, com cada seleção a disputar três jogos. Em caso de empate, não seria necessário recorrer a tempo extra para encontrar um vencedor e seria atribuído um ponto a cada equipa, ao contrário do que sucedeu no Mundial anterior. Se duas seleções chegassem ao final da fase de grupos empatadas em termos pontuais, seria disputado um play-off entre as equipas em questão para decidir quem passava. Se houvesse um empate nesse jogo, o critério aplicado seria o de goal average, utilizado pela primeira vez.

Transmissões televisivas

Os jogos dos anfitriões foram transmitidos pela televisão sueca e a European Broadcasting Union transmitiu um jogo por jornada na Europa. Facto curioso foi o de grande parte da população sueca ter comprado um aparelho pela primeira vez para ver os jogos do Campeonato do Mundo.

A fase de grupos, disputada em 12 estádios, teve o pontapé de saída a 8 de junho, com a seleção anfitriã a derrotar o México por claros 3-0, em jogo do grupo 3. Os suecos confirmaram o seu favoritismo no grupo, vencendo depois a Hungria (finalista derrotada da edição de 1954) e empatando, na terceira jornada, com o País de Gales. País de Gales que também passaria aos “quartos”, depois de vencer a Hungria por 2-1, no jogo de desempate.

O grupo 1 terminou com os campeões em título, a RFA, acompanhados pela Irlanda do Norte a carimbarem a presença nos quartos-de-final. Surpresa para a eliminação prematura da Argentina e da Checoslováquia, esta que se assumia como uma das mais fortes seleções europeias do momento. Os checos perderam no play-off de desempate com os irlandeses.

No grupo 2, a França, com o goleador Just Fontaine (acabaria o torneio com 13 golos marcados, o máximo de um jogador numa só competição) à cabeça, assegurou o primeiro lugar do grupo, com a Jugoslávia em segundo. Paraguai e Escócia ficaram pelo caminho. O grupo 4 viu um Brasil passar à fase seguinte sem dificuldades, com a União Soviética a obrigar a Inglaterra a fazer as malas, já que os russos asseguraram os quartos-de-final na sua primeira participação num Campeonato do Mundo. Destaque para a estreia de um jovem chamado Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido por Pelé, que ocorreu só à terceira jornada, precisamente contra a URSS.

Pelé, o início da lenda

Foi na Europa que a estrela começou a emergir. Estreou-se na seleção em 1957 e foi chamado para o Campeonato do Mundo de 1958 aos 17 anos. É certo que não se afirmou desde logo como titular dos “canarinhos”, mas, sem ele, provavelmente, o título seria uma miragem.
Surgiu no terceiro jogo do grupo, mas só fez a diferença na fase a eliminar. O Brasil defrontou, nos quartos-de-final, o País de Gales e venceu por 1-0, com golo de Pelé. A estrela brasileira marcou aquele que seria o primeiro de seis golos na competição. Na meia-final, a seleção comandada por Vicente Feola iria enfrentar a França, que vencera nos “quartos” a Irlanda do Norte, por 4-0. Esperava-se um jogo equilibrado, mas Pelé foi contra as previsões: hat-trick e vitória por 5-2.

1958: a exceção à regra

Até ao momento, este é o único Campeonato do Mundo jogado em solo europeu que não foi ganho por uma seleção do “Velho Continente”. No total, dez Mundiais na Europa com nove vencedores europeus.

Na outra meia-final, a Suécia, que tinha vencido a URSS por 2-0, ia jogar com a atual campeã do mundo, a República Federal da Alemanha, que derrotara a Jugoslávia por 1-0. A equipa da casa superiorizou-se e venceu por 3-1. Mais uma vez, a equipa anfitriã ia jogar a final. Brasil e Suécia nunca tinham vencido o troféu, sendo que os “canarinhos” já tinham disputado a final em 1950, em casa, e tinham perdido. Os suecos contavam com o apoio do seu público, mas o Brasil tinha o “samba” nas veias e um plantel muito forte, onde um menino brilhava mais do que os outros. Pelé, claro está.

A Suécia ainda assustou e logo aos três minutos colocou-se em vantagem, mas a partir daí só deu Brasil. Vavá bisou, Pelé marcou mais um e ao intervalo o resultado já estava em 3-1. No segundo tempo, o Brasil fez o 4-1, por Mario Zaggalo, aos 68 minutos, e o título já não ia fugir à seleção sul-americana. Tempo ainda para a Suécia reduzir e, em cima do minuto 90, o menino que hoje é apelidado de “rei” fez o 5-2 final e estabeleceu-se como o segundo melhor marcador do Mundial, com seis golos.