O título da conferência que, nesta segunda-feira, decorreu na reitoria da Universidade do Porto – “25 de Abril: o futuro da democracia em Portugal e na Europa” – foi o mote para uma reflexão do primeiro Presidente da República eleito democraticamente, António Ramalho Eanes, que exerceu funções entre 1976 e 1986.

Eanes não se centrou demasiado no 25 de abril, cujas comemorações caracteriza de “nostálgicas e passadistas”, e acabou por fazer um retrato do caminho percorrido pelo país desde 1974 até hoje.

Dois alunos da FDUP premiados

Ramalho Eanes foi um dos elementos de um júri que classificou o trabalho dos jovens João Ferraz e Gil Maia, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP). O trabalho, cujo tema era o mesmo da conferência (“25 de Abril: o futuro da democracia em Portugal e na Europa”), foi um dos premiados entre os 68 avaliados e vai permitir que os dois jovens visitem o Parlamento Europeu, em Bruxelas, no final do ano.

Realçando que em Portugal existe “uma unidade nacional como não existe em praticamente nenhum outro país”, crê que, no entanto, a “unidade popular” está longe de existir. E “ou ela se consegue, é real, ou então a sociedade perde capacidade de mobilização no presente e futuro”.

Ramalho Eanes lança também um alerta para a geração atual e para as futuras: “Não podemos desistir do país. Temos de fazer com que possamos garantir aos nossos filhos melhores condições, porque uma geração que dá menos do que recebeu é uma geração que assina a decadência”.

Ainda assim, Eanes lembra o “trabalho notável” feito na educação, que faz com que “homens e mulheres estejam mais preparados para digerir informação e selecionar entre boa e má informação”, algo que considera “indispensável, para que haja uma responsabilização social” elevada.

“O grande problema português é não ter uma sociedade civil forte, organizada, consciente e responsável”, concluiu.