No domingo de imposição de ínsignias, são muitos os estudantes que cartolam no seu último ano de faculdade. À noite, todos caminham rumo ao queimódromo para pintar o recinto com as cores da Academia.

De amarelo, roxo, vermelho, laranja, azul, verde ou tijolo, muitas foram os estudantes que de cartolas e bengalas cumpriram os seus rituais e prometeram desejos aos colegas de curso. Ser finalista é um experiência diferente, conta Isa Pereira, estudante de Enfermagem de Santa Maria. “A diferença é que nas outras sabemos sempre que temos mais uma. Esta é a última. Nunca mais vamos viver isto com um traje”, admite a finalista.

A nostalgia por acabar o curso é um sentimento presente em quase todos os finalistas que vêm até ao queimódromo. Larissa Silva, aluna da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG), julga que o espírito vivido na queima se mantém desde o seu primeiro ano: “A sensação de ser finalista é que torna tudo completamente diferente”, diz.

“Eu cheguei aqui um menino e saio daqui um homem”

Se para uns, a diversão da noite e as bebidas de graça são o ponto alto da queima, outros garantem que “curtir” é o essencial. Há quem até já nem esteja “numa de embebedar”, mas de aproveitar o tempo para estar com as pessoas com quem se criaram amizades ao longo dos anos da faculdade.

Depois do curso, abre-se caminho a novos horizontes e depois de um “concretizar de três anos de esforço”, como conta Marta Gaio do Instituto Superior da Maia (ISMAI), há um “pequeno passo” a ser dado, diz João Germano da Escola Superior de Artes e Design (ESAD). “Sair da faculdade para o mercado de trabalho, deixar de ser estudante para ser um jovem adulto faz toda a diferença”, acrescenta.

“Loucas são a noites” da Queima

Para a noite de Domingo, o cartaz da Queima das Fitas 2014 reservava música em português e com pronúncia do Norte. Miguel Araújo abriu a noite e entreteu milhares de estudantes. O vocalista dos Azeitonas relembrou as suas próprias noites quando estava do outro lado do palco, enquanto estudante. No abrir do baú, reviveu a primeira música que aprendeu a tocar, de Bob Dylan.

Também Pedro Abrunhosa tinha muito para dar ao público do Queimódromo. E tudo o que o cantor deu, os fãs deram-lhe a ele. Música atrás de música, os estudantes formaram o coro que acompanhou o cantor. Pedro Abrunhosa agradeceu o acolhimento e a sensação de conforto ao chegar a casa, ao Porto, a cidade onde “loucas são as noites que pass[a] sem dormir”. Ao longo da atuação, o músico portuense aproveitou para deixar à jovem plateia duras críticas sociais.

Fora do palco principal, a festa é sempre feita de muitos pequenos palcos. Os estudantes reuniram-se nas barracas da Queima e provaram que não há noites sem madrugada.