No dia 28 de agosto de 1966 nascia em Asteasu, uma pequena terra no País Basco, Julen Lopetegui Argote. Foi na sua terra natal que o futebol lhe despertou a atenção. Com as luvas calçadas e com o símbolo da Real Sociedad ao peito, o seu talento entre os postes atraiu a atenção do gigante Real Madrid. Com 19 anos muda-se para a capital espanhola onde, durante três anos, alinha pela equipa secundária. Apenas por uma vez vestiu o equipamento da equipa principal para jogar.

Mas o insucesso com os merengues não o afastaria dos grandes palcos. Vestiu as camisolas do Las Palmas e AD Logroñés e foi convocado para a seleção espanhola, tendo integrado o grupo que disputou o Mundial de 1994 nos Estados Unidos. A sua carreira de destaque em clubes modestos levá-lo-ia ao outro gigante espanhol, o Barcelona. Lá foi suplente do português Vitor Baía, um dos símbolos do clube que agora assume como responsável técnico pelo futebol.

A passagem a treinador

Os últimos anos da carreira tornaram-no um histórico do Rayo Vallecano e foi lá que, depois de ter pendurado as luvas em 2002, se estreou como treinador. A experiência não correu da melhor forma e Lopetegui acabaria por não terminar a época. Seguiu-se um interregno de cinco anos até que chegou o convite: voltar à formação secundária do Real Madrid mas, desta vez, como treinador. O bom trabalho desenvolvido levou-o até às seleções jovens espanholas onde esteve até à semana passada.

O futebol espanhol vive a sua era dourada recheada de títulos europeus e mundiais em vários escalões. Jorge Nuno Pinto da Costa admitiu que tal facto ajudou a consolidar a aposta no treinador espanhol. Os europeus de sub 19 e de sub 21, conquistados em 2012 e 2013 respetivamente, servem de amostra do palmarés e deixam em aberto a possibilidade de alguns dos elementos mais jovens dos azuis e brancos subirem ao plantel principal. Tozé, que segue com 20 golos na Liga Cabovisão, está na linha da frente mas jogadores como Joris Kayembe, Victor García, Gonçalo Paciência e Mikel Agu também poderão merecer oportunidades.

Que estilo de jogo?

Depois de uma das piores épocas dos últimos anos, as dúvidas adensam-se no Dragão. O estilo de jogo não entusiasmou esta época e os adeptos pedem mais golos, mais vitórias e mais espetáculo. O treinador começa a demonstrar os seus pensamentos: “Temos uma ideia de jogo e queremos implemantar uma filosofia, mas tendo em conta o contexto e os jogadores à disposição”, diz. Os jogadores devem ser, como o próprio referiu na conferência de imprensa de apresentação, os protagonistas. É do rendimento dos jogadores que está dependente o sucesso do teinador, como escreveu no seu blogue pessoal: “Os treinadores que mais mandam são os que mais triunfam”.

O Lopeteguia, blogue pessoal que o treinador manteve durante alguns anos, permite descodificar alguma das matrizes de pensamento do espanhol enquanto não começam os treinos de pré-época. Um trabalho articulado com o corpo de gestão do clube e a valorização do grupo: “No futebol, como todos sabemos, uma equipa pode sempre mais do que uma soma de estrelas”.

Para muitos desconhecido, Julen Lopetegui é o homem que se segue no banco do Dragão. Enriquecer as vitrines do museu e satisfazer uma massa adepta sedenta por mais vitórias depois de um ano sabático é a missão. Lopetegui será acompanhado pelo adjunto Julián Calero, o preparador físico Juan Carlos Martinez e o treinador de guarda-redes será Juan Carlos Arévalo. Rui Barros será o homem da casa a acompanhar a armada espanhola. Quanto ao contrato, será de três anos, até 2017, e supera o tempo de mandato do próprio presidente.