O som dos Linda Martini liderou o despertar. Estudantes, e não só, deixavam-se envolver ao som das vozes, guitarras, do baixo e da bateria. Apesar da separação física entre o palco e a plateia, a música foi o património comum que emanava até do mais discreto dos movimentos: o bater da sola das sapatilhas no chão.

Numa viagem entre o seu reportório mais recente e o seu trajeto de ascensão no panorama musical português, a banda lisboeta confirmou o estatuto de uma das mais aclamadas da atualidade. Nas primeiras filas os êxitos eram entoados a uma só voz, mas o verdadeiro uníssono era o do balancear das cabeças ao ritmo da música.

A manifestação coletiva de canto e dança parecia ter chamado mais gente. As mãos que seguraram o crowdsurfing do baterista Hélio Morais pareciam multiplicar-se. Pareciam também mais as mãos que tocavam as guitarras em palco. Quando se ouviram os últimos acordes foi como se banda e público tivessem terminado a sua dança conjunta. As vozes que permaneceram a cantar asseguravam o reconhecimento pela energia dos minutos anteriores. Sobrou espaço para danças futuras.

Com um público ainda a recuperar forças, os Clã entraram em palco com a sobriedade e classe de sempre, mas com músicas novas na bagagem. Os primeiros minutos foram, essencialmente, contemplativos. As letras ainda não estão na memória, mas os pés foram entrando. Manuela Azevedo dava o mote para como dançar, de forma ininterrupta, durante longos minutos.

A experiência da banda embalou os presentes e, num sopro, chegaram os maiores êxitos. “Sexto andar”, “Problema de expressão” e “Dançar na corda bamba” foram, do início ao fim, de todos. Num palco em que a música serve, muitas das vezes, como mera banda sonora para os tão reconhecidos excessos, o rock mostrou que também consegue ser rei.

Foram tanto os saltos que os Clã pareceram vir e voltar. Houve tempo para um encore que culminou num “Sopro de Coração”, que se deve ter ouvido a centenas de metros de distância.

A noite, que começara fria, tinha agora aquecido. Junto das barracas iam alguns fervilhando. Os que tinham saído dos concertos a trautear já se adaptavam aos ritmos mais acelerados das músicas brasileiras e africanas das barracas.

Os mais diversos sons confundiam-se, os grupos de amigos fundiam-se nas danças e, neste mar de gente, as cartolas desgastadas das bengaladas distinguiam-se. Não é uma imagem diferente de outros anos, mas é a que fica. Numa multiplicidade de percursos que se cruzam, é aqui que se celebra a vida de universitário.

Uma semana em que o futuro esteve aqui concentrado. Sem preocupações. Sem vacilações. Em suspenso, o futuro. Os tempos mudaram, as vontades vão apenas mudando os rostos.