Curiosidades I

– O Mundial do México 1970 foi o primeiro a ser realizado na América do Norte. As edições anteriores do torneio foram realizadas somente na Europa e na América do Sul. Curiosamente, mais tarde, o México tornou-se no único país a receber a competição por duas vezes, sendo anfitrião do Mundial de 86.

– Esta edição do Campeonato do Mundo ficou marcado pelo início do uso dos cartões e das substituições. Os cartões foram instituídos com o intuito de proteger os jogadores mais talentosos de algumas entradas mais ríspidas. Recorde-se que, por exemplo, em 1966, Pelé foi vítima de uma entrada impetuosa de um defensor búlgaro e falhou o segundo jogo frente à Hungria. Frente a Portugal foi, de novo, alvo de um um carrinho muito duro, desta vez de João Morais.

– Quanto às substituições, foram implementadas para evitar o cansaço excessivo dos jogadores e permitir a troca em caso de lesão ou de necessidade.

– O Mundial do 1970 foi o primeiro Mundial transmitido a cores. Os jogos foram emitidos em direto e a cores para todo o mundo, o que provocou uma grande audiência, um pouco por todo o planeta.

O Campeonato do Mundo de 1970 viu surgir aquela que muitos consideram como a melhor seleção de todos os tempos. O Brasil de Pelé, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto e Tostão chegou à edição do México com oito vitórias em oito jogos, na qualificação, e arrasou na fase final. Só pararam com a conquista do troféu com o pleno de triunfos, da qualificação à final. Na fase final, Jairzinho marcou em todos os jogos. O balanço do Brasil foi de 14 jogos e 14 vitórias.

No grupo C, juntamente com a Inglaterra – detentora do título -, a Roménia e a Checoslováquia, os “canarinhos” alcançaram o pleno, com três vitórias em três jogos e um balanço de oito golos marcados e três sofridos. Golearam por 4-1 a Checoslováquia no jogo de estreia no Mundial, venceram a Inglaterra por 1-0 e selaram uma passagem, sem apelo, aos quartos-de-final, ao baterem a Roménia, no último jogo, por 3-2.

Do grupo C avançou, também, a Inglaterra, que venceu a Roménia, na estreia, por 1-0, e a Checoslováquia pelo mesmo resultado, no último jogo do grupo. Pelo caminho, saiu derrotada por 1-0 pelo Brasil. No Grupo A estava a seleção anfitriã, o México, a União Soviética, quarta classificada do Mundial 66, a Bélgica e o estreante El Salvador. Avançaram o México e a União Soviética, com duas vitórias cada e um empate entre si.

Do segundo grupo saíram a futura vice-campeã Itália e a seleção do Uruguai, com quatro e três pontos, respetivamente. Do grupo D qualificou-se a República Federal da Alemanha, com seis pontos, e o Perú, com quatro.

Curiosidades II

– Teófilo Cubillas foi o melhor jogador jovem do torneio. O peruano foi um dos nomes em destaque no Mundial de 1970, sendo o terceiro melhor marcador do Mundial, com cinco golos, e a boa prestação na competição levou-o a ser contratado pelo FC Porto. Ao serviço dos “dragões” marcou 65 golos em 108 jogos. Foi eleito o melhor jogador sul americano, em 1972, e eleito, em 2004, por Pelé, como um dos melhores 100 jogadores de sempre.

– Gerd Muller, o Bota de Ouro. Com dez golos, o avançado da República Federal da Alemanha conquistou o troféu de melhor marcador da prova. A selecção da RF Alemanha caiu, ainda assim, nas meias finais, frente à vice-campeã Itália.

– Pelé: classe, inteligência e um toque de samba. Foi eleito o melhor jogador do torneio, apesar de ter ficado longe do topo da lista de melhores marcadores. Não foi preponderante no que toca a golos, mas teve uma elevada importância nas vitórias brasileiras e na excelente campanha “canarinha”.

Alemanha “vinga” 66

Depois do fiasco que foi a participação no Inglaterra 66, o Brasil voltava à fase a eliminar do Mundial. Com ambições renovadas, o escrete defrontava a destemida seleção do Perú, nos quartos de final da competição e a expectativa era grande. O estilo de jogo ofensivo das duas equipas fazia antever um jogo aberto e a verdade é que quase ninguém saiu defraudado. Do embate resultaram momentos de grande espetáctulo e muitas oporunidades de golo, mas a força da “canarinha” foi determinante no desfecho final. O sonho do “tri” estava mais perto.

Nas outras partidas, os grande destaques foram para eliminação do México e da Inglaterra. A seleção da casa sofreu uma copiosa goleada por 4-1, frente à Itália, e só viria a acordar do pesadelo quando voltou a receber o Mundial, em 1986. Já a Inglaterra foi derrotada pela Alemanha Ocidental, numa reedição da final de 1966, num jogo onde Gerd Muller consumou a vingança alemã. Também o jogo entre Uruguai e União Soviética foi decidido no tempo extra, com um solo solitário, a três minutos do final, a favor dos sul americanos.

Brasil é Tricampeão!

Nas meias-finais, nova oportunidade para uma desforra: Brasil e Uruguai encontravam-se e reeditavam a final de 1950, que os brasileiros perderam em pleno Maracanã. Jairzinho, Cubilla e Rivelino fizeram os golos do “escrete” e colocaram o tricampeonato à distância de um jogo. No outro jogo, Itália e Alemanha protagonizaram aquele que ficou conhecido como “o jogo do século”. Com uma empate a uma bola no final do tempo regulamentar, as duas seleções marcaram cinco golos em 30 minutos e perpetuaram a emoção até ao apito final. O encontro terminou com a vitória da formação italiana, por 4-3.

Na final encontraram-se dois dignos representantes de duas ideologias opostas no futebol: o Brasil, com o seu futebol propenso às ações ofensivas, e a Itália, apologista da segurança defensiva. O jogo chegou ao intervalo com uma igualdade a um golo, mas, na segunda parte, prevaleceu o virtuosismo do ataque brasileiro que, com três golos sem resposta, fixou o resultado final em 4-1. Pelé despedia-se dos mundiais com o sonhado tricampeonato.