A Aliança Anglo-Portuguesa é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. As relações comerciais, militares e políticas mantêm-se até aos nossos dias e ainda dão frutos.

O Tratado de Windsor hoje: relações comerciais

Há muitos anos atrás, corria o século XIV, o Tratado de Windsor foi assinado e então o comércio bilateral floresceu: bacalhau e tecidos eram trocados por vinho, cortiça, sal e azeite. Mais tarde, em 1703, o Tratado de Methuen deu livre acesso aos lanifícios ingleses em Portugal e permitiu a redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra. Começava, assim, a relação comercial entre os dois países.

Mais de 600 anos depois, a história continua, mas com novas personagens e novos contextos. Os gostos parecem não ter mudado. Um dos produtos mais procurados pelos britânicos continua a ser o vinho. A Quinta do Crasto, produtora e vendedora de vinho, é disso um exemplo.

Responsável pelas relações comerciais da Quinta do Crasto, Rita Camelo conta que a empresa iniciou as suas relações comerciais com o Reino Unido há cerca de 20 anos. Desde então, o mercado britânico tem liderado as exportações na Europa. Em 2013, as vendas da Quinta do Crasto para o Reino Unido representaram cerca de 13% do total das exportações da empresa e “as terras de sua majestade” ocupam a terceira posição no ranking dos países para os quais exportam, logo a seguir ao Brasil e EUA.

Rita Camelo explica que as relações com os parceiros do mercado do Reino Unido são marcadas pela “abertura, entendimento e excelente diálogo”. Quanto à razão para este entendimento, a responsável pelas relações comerciais considera fundamental “o facto de já existir uma relação com este parceiro de quase duas décadas, como também existir desde há séculos uma relação comercial e de amizade, em particular no mundo dos vinhos e do Douro, entre Portugal e o Reino Unido”.

A aliança cultural anglo-portuguesa

Portugal e o Reino Unido mantêm uma relação cultural, a destacar as áreas da pintura, música e a literatura. No Reino Unido, a língua de Camões é ensinada em treze universidades, com cátedras em quatro delas. O Instituto Camões oferece bolsas a estudantes britânicos nas áreas de língua e cultura portuguesas.

A histórica relação entre Portugal e Inglaterra reflete-se nas relações de hoje. “Esta centenária aliança cultural e comercial trouxe bases e experiências acumuladas ao longo dos séculos e que fortificam a amizade e intercambio entre os dois países, como parceiros privilegiados”, afirma Rita Camelo.

De acordo com a Embaixada de Portugal no Reino Unido, em 2009 este país era o quarto maior cliente de Portugal e o sexto fornecedor. As exportações portuguesas assentam em produtos como veículos e outros equipamentos de transporte, vestuário e máquinas. Por outro lado, as importações são constituídas essencialmente por combustíveis, produtos químicos e maquinaria.

A Embaixada destaca também a importância do investimento britânico em Portugal, que, em 2009, foi o segundo mais importante no nosso país e incide, essencialmente, na área dos serviços financeiros e do turismo. No que respeita a este último setor, os britânicos estão em segundo lugar no número de pessoas que visitam Portugal, com cerca de dois milhões por ano, e em primeiro lugar nas dormidas.

Tratado de Windsor hoje: relações políticas

A história das relações políticas entre Portugal e Inglaterra não é um conto de fadas, tem vindo a evoluir ao longo dos anos, especialmente após o 25 de Abril de 1974 e a consequente descolonização. A Rainha Isabel II de Inglaterra já realizou duas visitas de Estado a Portugal, em 1957 e em 1985. Quatro presidentes portugueses já visitaram o Reino Unido, a última visita oficial foi a de Cavaco Silva, em 2009.

Atualmente, ambos os países mantêm relações amigáveis no seio da União Europeia, da NATO e outras organizações internacionais.

O número de residentes de cada um dos países no outro é significativo. O fluxo de emigração portuguesa para o Reino Unido começou no início dos anos 70 e, desde meados dos anos 1990, um número crescente de pessoas optaram por viver neste país. De acordo com a Embaixada Portuguesa no Reino Unido, hoje, cerca de 400 mil cidadãos portugueses residem em “terras de sua majestade”, “desempenhando atividades muito diversas tais como na indústria da construção, em serviços de restauração, nos transportes, e na agricultura”.