A Sala 2 da Casa da Música foi o palco da abertura do Spring On!, com os Bouncelab, grupo liderado pelo guitarrista Mané Fernandes, a subir primeiro ao palco.

A atuação da banda portuguesa apresentou uma forte aposta na improvisação e em arranjos com influências de géneros como o hip hop e a eletrónica. A harmonia foi uma constante na performance da banda, formada em julho de 2013, com timings de entrada quase sempre certos e até com alguns “duelos” entre instrumentos, que animaram a plateia, para satisfação dos membros da banda.

“Queremos acima de tudo fazer música que seja de acordo com o mais íntimo do nosso ser e que seja música, no todo, honesta. Quando conseguimos fazer isso e o público reage, é uma sensação incrível”, disse Mané Fernandes ao JPN, após o concerto.

A banda tocou dois temas originais compostos por Mané Fernandes, com “FTW” a ser bem recebido pelo público da Sala 2, além de “26-2”, de John Coltrane, que fechou o concerto, bem como um arranjo original de um tema de Sam Rivers.

“Quisemos expandir um bocado algumas coisas e isso tirou-nos um bocado de tempo”, disse o compositor e guitarrista dos Bouncelab, tempo perdido que impediu a banda de tocar um último tema original, que queriam “muito tocar”, embora Mané Fernandes reconheça que “valeu a pena, porque os momentos de improvisação foram bons”.

Papanosh com “espírito transgressor”

A fechar, os franceses Papanosh prometiam um “espírito transgressor” e não desiludiram. Foram frequentes as desconstruções de sequências melódicas e os usos pouco ortodoxos de vários instrumentos.

A banda francesa, que em 2010 recebeu os prémios de melhor grupo e melhor composição no Concurso Nacional de Jazz de La Défense, apresentou um set arrojado, com muito espaço para a improvisação e o experimentalismo, transmitindo uma sensação de imediatismo às composições.

De resto, Thibault Cellier e companhia não se viram rogados de assobiar, bater palmas ou acrescentar vários sons inesperados à batida, uma sinergia apreciada pela plateia.

O concerto também contou com uma composição original do pianista, Sebastien Palis, bem como uma outra de Quentin Ghomari, no trompete, num concerto de tempo mais acelerado que o primeiro, mas onde também houve espaço para respirar, principalmente num tema do género jazz funeral oriundo de Nova Orleães que encerrou o concerto com nota alta.

O festival que celebra as novas sonoridades do jazz e a consagração da Primavera continua hoje, com Eduardo Cardinho & João Barradas Quarteto e Hayden Powell Trio, a partir das 21h na Sala 2 da Casa da Música. No domingo, é a vez do quarteto de Marco Santos, pelas 21h, seguido de Marly Marques Quartet.