Para Mafalda Lencastre, o bichinho de fazer voluntariado em África cresceu desde há vários anos: “perguntavam porquê mas eu não sabia”. No verão do ano passado, entre julho e setembro de 2013, participou em Moçambique numa missão do projeto Grão, uma organização religiosa que coopera com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Um semestre. Foi este o espaço de tempo entre o final da licenciatura e o início do mestrado, mas também o necessário para levarem Manuel Trigueiros a decidir concorrer ao programa MOVE. A organização deu-lhe a possibilidade de se deslocar até São Tomé, num projeto que pretende desenvolver o microcrédito, o empreendedorismo e pequenos negócios.

Mafalda acompanhou crianças órfãs com SIDA. Todos os dias acordava por volta das cinco da manhã, rezava com a comunidade e partia de bicicleta para uma nova missão. Com o objetivo de “estimular a língua portuguesa, mas também capacitar as pessoas que estão responsáveis pelas casas para darem continuidade ao projeto”, Mafalda garante que o mais importante foi mesmo “começar pelo básico”. As frases ficam para uma fase posterior. Ensinou as cores, o vestuário, a família e as divisões da casa – todas as “coisas que servem para comunicar com alguém que só fale português”, diz.

O ambiente, que leva muitas vezes a que “as pessoas queiram desistir facilmente quando um negócio não corre bem”, tornou-se num dos aspetos mais importantes na missão dos participantes do MOVE. Manuel recorda o espírito “leve-leve, o deixa andar, tranquilo” e garante que a “componente cultural” foi a principal dificuldade para os negócios e o empreendedorismo.

Com missões distintas, Mafalda e Manuel passaram por obstáculos semelhantes. A jovem garante que se pudesse voltaria para lá pela experiência pessoal e pela mais valia que pôde proporcionar à comunidade que a acolheu. Ambos reconhecem que quem parte leva objetivos muito ambiciosos mas, mais do que a vontade em criar novos projetos, é preciso dar continuidade ao trabalho que já foi realizado.