Para o Mundial de 1978, várias seleções partiram com aspirações ao lugar cimeiro. Na fase de grupos, que preconizava o modelo seguido em edições anteriores, a Itália venceu os seus três encontros do grupo 1 e assumiu-se prontamente como candidata ao troféu. Despontava, nessa equipa, Paolo Rossi, estrela do Mundial de 1982 que a squadra azurra viria a vencer.

Pelo caminho ficava a França, uma equipa recheada de talentos como Tigana, Rocheteau ou Platini, que viria a comandar a seleção gaulesa na década seguinte. No segundo lugar do grupo classificava-se o país anfitrião, a Argentina.

No grupo 2, a Polónia voltou a demonstrar a força da grande geração de futebolistas que encantou o país. Ficou classificada no primeiro lugar do grupo, destronando a campeã do mundo em título, a Alemanha Ocidental. Os alemães conseguiriam qualificar-se no segundo lugar do grupo, mas já demonstravam não ter o brilhantismo da seleção que, quatro anos antes, se sagrou campeã mundial. No grupo 3, nova surpresa: A Aústria, que não marcava presença num Mundial há 20 anos, conquistava o primeiro lugar do grupo e deixava em segundo o Brasil de Zico, Rivelino ou Roberto Dinamite.

Um Mundial marcado pela polémica

A edição de 78 do Mundial foi uma das mais polémicas da história, sempre com a seleção da casa à mistura e no centro das atenções. Em 1976, apenas dois anos antes do Campeonato do Mundo, a Argentina soltou-se das amarras da ditadura com um golpe militar. Este facto fez com que algumas seleções e estrelas ficassem reticentes relativamente à participação no torneio.

Para além disto, na fase de grupos a Argentina teve a vantagem de jogar todas as partidas à noite e, consequentemente, já depois dos restantes adversários terem realizado os seus jogos. A regra foi alterada para o Mundial de 1986, com os encontros da última jornada do grupo a serem jogados à mesma hora.

Outro facto que contribuiu para a controvérsia que circundou todo este Mundial foi quando, na final, a Argentina se apresentou atrasada no relvado. A Holanda contestou, mas a verdade é que o caso não deu em nada e a Holanda viu os argentinos erguer a taça. A seleção dos Países Baixos voltou a ser vice-campeã, tal como em 74.

No grupo 4, a Holanda parecia dar os primeiros sinais de fraqueza, orfã que estava do treinador Rinus Michels e da estrela maior, Johan Cruyff. A “laranja” teve grandes dificuldades em qualificar-se para a fase seguinte e só o consegiu com uma diferença de golos favorável em relação à Escócia. O “futebol total” aparentava dar os últimos passos, mas a Holanda viria a reerguer-se, conquistando uma presença na final da competição. No segundo lugar do grupo qualificou-se a seleção do Perú, com Cubillas a assumir-se novamente como a figura da equipa.

Argentina vence Holanda no jogo decisivo

A fase final do Mundial 78 decorreu sob o mesmo sistema do de 74: depois da fase de grupos, as duas primeiras equipas de cada grupo eram separadas em dois grupos. As primeiras de cada conjunto defrontavam-se na final e as segundas no jogo de apuramento do 3.º e 4.º lugares.

No grupo A da segunda fase ficaram Holanda, Itália, a campeã em título Alemanha Ocidental e a Áustria. Rumo à final seguiu a Holanda, com cinco pontos somados e uma vitória decisiva no último jogo, sobre a Itália, por 2-1. A seleção transalpina, com esta derrota, rumou à decisão do terceiro e quarto lugares, onde perdeu com o Brasil, por 2-1.

No grupo B, da anfitriã Argentina, ficaram ainda o Brasil, a Polónia e o Perú. A Argentina alcançou a final, apesar de ter conquistado os mesmos pontos que o Brasil – cinco -, fruto da vantagem na diferença de golos. Na última partida, frente ao Perú, a seleção anfitriã precisava de vencer por quatro ou mais golos e acabou por conseguir o triunfo por 6-0.

No jogo de decisão encontraram-se a Holanda, vice-campeã do torneio em 74, e a Argentina. Só se encontrou o vencedor do torneio após prolongamento, depois de empate a um golo no tempo regulamentar. No tempo extra, a Argentina superiorizou-se e marcou dois golos, garantindo o primeiro troféu da história.