“Procuramos explicar o que é o dia a dia em Bruxelas, o dia a dia de um eurodeputado e fazemo-lo também com seminários, peças de teatro, cinema, entre outras atividades”, explica ao JPN o diretor para a comunicação do Parlamento Europeu em Espanha, que realça que informam os espanhóis acerca das “diretivas e leis” que são discutidas e votadas no Parlamento.

“No geral, penso que nos falta formação pedagógica que explique o que é feito no Parlamento Europeu”, diz Samper, que considera que “informação há muita, em Espanha, Portugal, Itália, em todo o lado”, embora a maioria da população não saiba o que é feito em Bruxelas, reconhecendo, ainda assim, que a população “sabe que é algo que os afeta bastante”.

Embora o desinteresse da população pelo Parlamento Europeu seja grande, Ignacio Samper garante a existência de um comportamento específico: “Quando os cidadãos têm interesse vêm ter connosco, falam com os eurodeputados”, algo que realça a “vontade” de cada um como o principal fator na eficácia da informação sobre a atividade europeia.

Apesar da dificuldade em chegar à população, o diretor do Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Madrid afirma que, “desta vez, as coisas vão ser diferentes”. “Vamos eleger, pela primeira vez, o presidente da Comissão Europeia”, o que fez com que “muitos cidadãos mostrassem interesse em votar por essa razão”, explica Ignacio Samper.

“Sabemos que dois em cada três cidadãos europeus estão contentes por poderem eleger um dos candidatos à Comissão Europeia”, acrescenta Samper, que realça a importância de “ligar os cidadãos ao que é feito no Parlamento Europeu”.

Desafios “complicados” para os 751 novos mandatos

Quanto aos 751 novos eurodeputados que vão ser eleitos por toda a Europa, num sufrágio que começou na quarta-feira e termina no domingo, dia em que Portugal vai a votos, Ignacio Samper afirma que os desafios que os eurodeputados vão enfrentar são “complicados”, mas muito importantes.

“Os tópicos que vão ser discutidos têm a ver com os transportes, o ambiente, a proteção dos direitos fundamentais, o direito do consumidor, a crise, há o desafio de estabelecer um novo sistema financeiro”, diz o diretor da comunicação do Parlamento Europeu em Madrid, que realça ainda a “questão da proteção de dados, do PNR [Registo Nacional de Passageiros], o novo sistema fiscal, o orçamento europeu, igualdade de género, um tratado com os Estados Unidos da América”, como desafios que os eurodeputados eleitos terão de enfrentar.

Quanto ao aumento de popularidade de partidos anti-europeus, Ignacio Samper considera que é algo que causa “preocupação”, embora não seja mais, neste momento, do que uma “possibilidade”, já que estes partidos devem formar um grupo parlamentar. Para o fazer, terão de eleger 25 eurodeputados de sete países diferentes.

“Acho que não há um grande risco disso acontecer [bloqueio anti-europeu às propostas no Parlamento Europeu], visto que o Parlamento será composto maioritariamente pelos partidos mais antigos, como os populares, os liberais, os verdes, os socialistas”, explica Samper.

O diretor de informação para o Parlamento Europeu em Madrid realça ainda o “aumento” do interesse da população nos assuntos europeus. “Todos acreditam que, juntos, sairemos desta crise”, afirma Ignacio Samper.