Se revermos a história da humanidade, percebemos que o homem foi deixando para trás os bens de troca físicos, primeiro a passagem do ouro e pedras preciosas para o papel, do papel para o virtual e atualmente, os meios híbridos (papel e virtual) estão mais que estabelecidos na sociedade.

Contudo, os conceitos gerais mantiveram-se os mesmos. Em primeiro lugar, uma moeda de troca só o é se as pessoas acreditarem que ela tem valor. Em segundo lugar, essa mesma moeda tem de ser rara, e manter o fator “escasso” é fulcral.

Assim surgem as moedas totalmente virtuais. A ideia parte do princípio de que ninguém precisa de ter o dinheiro na mão, basta ver os números a aumentar ou a diminuir para ver que ele lá está. A motivação vem do acreditar. Por exemplo, em 2010, um homem comprou uma pizza com 10 mil bitcoins. Uns tempos depois, esse mesmo montante valia 450 mil dólares.

Na moeda tradicional, as coisas funcionam num sistema mais ou menos complexo, apesar de habitual. O Estado é a entidade responsável por criar e assegurar o valor da própria moeda. Esse processo, muitas vezes através da cobrança de impostos, que tem de ser paga com a moeda oficial, faz com o dinheiro passe para os bancos, que o passam às pessoas e às empresas. Além disto, está sempre presente um centro de gestão que garante a segurança, como o Banco Central Europeu, por exemplo.

No Cryptoescudo o processo é diferente. Em primeiro lugar, para haver produção de novos Cryptoescudos é preciso que haja uma “mineração” – um processo que implica o processamento de milhares de cálculos de difícil resolução. Em segundo lugar, para ter acesso à moeda virtual, o utilizador tem de fazer o download de uma carteira digital, que vai fazer a vez da habitual conta corrente. Cada carteira possui um endereço que funciona como o Número de Identificação Bancária (NIB). Caso a transferência ou pagamento seja feito para uma loja, essa entidade terá também um endereço próprio.

O problema da segurança

Sendo que as transações financeiras são feitas diretamente de uma pessoa para a outra, sem existir um órgão intermediário, surge a questão da segurança. A arma do Cryptoescudo está num esquema criptográfico. Além disto, com a moeda virtual existe uma enorme diminuição de custos. As taxas bancárias acabam, bem como os custos da impressão, transporte e distribuição do dinheiro físico.

Contudo, as moedas virtuais têm vindo a ser as “melhores amigas” de vários processos ilegais, um lado negro que tanto assombrou o bitcoin. O que acontece é que este formato secreto, sem intermediários, é a opção ideal para quem quer transferir grandes quantidades de dinheiro não declaradas e para aqueles que sofreram com as taxas nas fortunas acima dos 100 mil euros.

Mesmo assim existem ainda algumas lacunas no que diz respeito à segurança do utilizador. Por exemplo, caso a pessoa use o mesmo computador para efetuar transações e navegar na internet, a probabilidade de algum outro indivíduo, através de um malware, conseguir aceder ao disco do utilizador, está presente. A partir daí o intruso consegue aceder à carteira e fazer uma transferência para o próprio endereço.

Como não existe nenhum sistema de cobertura (como acontece nos cheques) ou uma entidade reguladora (como os bancos) a transferência é feita sem qualquer retorno. Os especialistas já aconselham a que o utilizador use um computador ou smartphone para as transações e um outro aparelho para navegar. Contudo, esta questão logística ainda é complicada e tem de ser melhorada.