Espanha viveu, nesta segunda-feira, 2 de junho, um dia histórico: o Rei D. Juan Carlos I, que governou o país durante os últimos 39 anos, abdicou do trono a favor do filho, o príncipe Felipe. No entanto, muitos foram os que viram neste facto uma oportunidade: converter o país num Estado republicano.

Em várias cidades do país vizinho realizaram-se concentrações para pedir um referendo com a intenção de perguntar aos cidadãos se preferem a continuidade da monarquia ou o início da III República de Espanha. Estas manifestações não ficaram dentro de fronteiras e alcançaram cidades internacionais onde residem espanhóis, como é o caso do Porto, onde estudantes e trabalhadores espanhóis têm uma presença significativa.

Mais de 50 pessoas, estudantes e trabalhadores, reuniram-se à porta do Consulado de Espanha, durante a tarde, para apoiarem a petição que milhares de cidadãos espanhóis estão a fazer no seu país. A motivação por uma possível mudança no estado da nação levou os manifestantes a escreverem cartazes de papelão que exibiram pelas ruas portuenses. “República em Espanha” ou “Para a III”, em referencia à III República, foram algumas das frases expostas.

Para além dos protestos foi realizado um manifesto onde explicam as suas reivindicações e exigências. Além de defender a consulta dos cidadãos espanhóis para o futuro do país, o documento alerta as direções sindicais para que apoiem os trabalhadores, “mobilizando-se ativamente a favor do referendo”. O manifesto apela ainda ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) que altere a “posição vergonhosa” que tem vindo a assumir e que apoie a realização do referendo.

Oriol, estudante valenciano que mora atualmente no Porto, apoia o referendo à monarquia e acredita que “Espanha está a passar por muitas mudanças políticas”. O jovem, como tantos outros que reuniram ao final do dia, pensa que este é o momento ideal para “perguntar ao povo espanhol se quer continuar com o modelo de Estado atual”. Para Oriol, a abdicação de D. Juan Carlos I está relacionado com o facto de faltarem ainda dois anos para as próximas eleições. “O bipartidarismo monárquico talvez já não tenha força suficiente para continuar a apoiar o modelo”, refere.