Tudo começou quando o designer português participou num concurso para desenhar uma t-shirt da banda de metal “Black Sabbath” divulgado pela TalentHouse. Não ganhou, mas o concurso abriu-lhe portas. O vice-presidente da Bravado Internacional, empresa nova-iorquina que trata do merchandising de músicos como Katy Perry e Lady Gaga, contactou-o para lhe elogiar o trabalho e convidou-o para o projeto da digressão dos Rolling Stones. O cartaz escolhido por Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, foi o de um eléctrico com a lendária boca vermelha com a língua de fora.

Neste que é o Ano do Design Português, o JPN esteve à conversa com Diogo Sampaio para saber mais sobre o trabalho do designer, sobre a área do design em geral e descobrir mais pormenores desta aventura alucinante.

O que é o Design de Comunicação?

O Design de Comunicação é uma vertente do design gráfico em que realizamos todo o tipo de projetos: criação de logotipos, identidades corporativas de empresas, tratamos da parte do web design e do serviço editorial, ou seja, tudo o que esteja ligado ao web design, aos sites e à imagem da empresa.

Como surgiu a paixão pelo Design?

Desde pequenino que gostei de desenhar e de estar ligado às artes e decidi optar por este caminho para saber até onde é que poderia chegar, resolvi procurar por algumas faculdades de artes e aqui estou. A partir do primeiro ano de faculdade comecei a entrar no mundo dos designs e nunca mais fiz outra coisa. Não trocava por nada.

O que é que prefere fazer dentro do grande espectro que é o Design de Comunicação?

Todos os serviços de editorial e da criação dos logotipos e das imagens das empresas, são das vertentes que eu mais gosto. E dos posters.

E como surgiu o trabalho dos posters dos Rolling Stones?

Foi através de um concurso que havia na Talent House, há cerca de três meses atrás, que era criar a t-shirt de uma banda. Entrei nesse concurso e não fui o vencedor, mas o vice-presidente da Barbado entrou em contacto comigo, analisou o meu portefólio e convidou-me para trabalhar na tour dos Rolling Stones, tendo como primeiro projeto o cartaz de Lisboa. Aceitei o projeto, correu bem e convidaram-me para trabalhar em mais algumas cidades da tour deles.

Acha que lhe vai abrir muitas portas?

Acho que é possível. Eu não tinha noção da dimensão que isto tinha tomado, mas é uma sensação óptima. Um dia acordo e estou desempregado e no outro dia estou em todo o lado. Disseram-me que já estava também no Brasil. A partir do momento em que o meu trabalho saiu na comunicação social, os comentários de apoio estão sempre a surgir, os trabalhos estão sempre a aparecer e eu não consigo fazer tudo sozinho, tive de pedir ajuda. Mas está tudo a correr bem e acredito que me vá abrir portas no futuro.

Neste momento está a trabalhar como freelancer. É uma profissão instável?

É e não é. Hoje tenho muito trabalho, amanhã posso não ter, daí a instabilidade. A minha ideia para o futuro seria arranjar um estágio numa grande empresa, crescer como pessoa e como designer e, mais tarde, lançar-me no mundo dos freelancers com mais força e com mais projetos.

Como é o seu processo criativo, por exemplo, em relação ao trabalho dos Rolling Stones?

Para já eu tenho um briefing que é dado pela companhia, pela empresa da Bravado, em que me dizem mais ou menos o que queriam que fosse feito. Começo por fazer uns esboços no papel para saber aquilo que vou usar, a cor, tamanho, proporções, elementos e a partir daí vou passando para o digital, no Photoshop e no Ilustrator e começo a fazer combinações gráficas, a juntar imagens, dar os efeitos que sejam necessários até chegar a um produto final.

Acha que o design em Portugal é visto como uma arte inferior?

Em muitos casos sim, mas ao longo dos tempos penso que isso poderá mudar. Temos Matosinhos que se está a tornar numa cidade com design por todo o lado. Penso que a longo prazo o design começa a ser visto como uma área de sucesso e não dos “maluquinhos” que são viciados em arte.

Como é o mercado do design em Portugal? Há muita procura?

Eu não me posso queixar, há sempre procura. Em todo o lado é preciso design, toda a gente precisa da sua identidade, todas as empresas precisam dos seus logotipos e flyers e todo o tipo de divulgação.

Acha que é difícil ganhar a vida com o design?

Tudo depende do portefólio e da divulgação do designer, porque as empresas vão tendo centenas de designers a trabalhar para eles, mas não podem escolher todos, vai-se destacar um ou dois e a partir daí os contratos serão feitos pelas empresas. Porque o design em Portugal ainda não é visto como ser médico, futebolista, tem de crescer um pouco.

Ainda há aquela ideia de que “não vale a pena pagar porque um amigo faz o site”?

Sim, isso é uma coisa que me irrita profundamente. Há sempre um amigo que faz uns desenhos no Photoshop, uns logotipos por 30 ou 40 euros e quem realmente andou a estudar e a gastar imenso dinheiro numa faculdade, para fazer as coisas bem, fica de lado. Há sempre aspectos técnicos que são extremamente importantes e muitos detalhes em que é preciso dar atenção e que faz a diferença entre um bom designer e um mau designer.