Perante a necessidade de financiamento, a direção do Ateneu Comercial do Porto propôs aos sócios duas opções: o pedido de um empréstimo sobre o edifício-sede ou a venda de peças do património, como a primeira edição de “Os Lusíadas”.

Paulo Lopes, presidente da direção do Ateneu, explicou à Lusa que o “Ateneu tem vindo a arrastar um défice de exploração considerável, de 50 mil euros por ano. Além disso existe um passivo de 50 mil euros, [pelo que], no exercício deste ano, teríamos a necessidade, para terminar com uma situação financeira equilibrada, de 110 mil euros”.

O empréstimo bancário teria “o valor máximo de 200 mil euros, com um período de empréstimo de 10 anos (…) assegurado pela constituição de hipoteca sobre o edifício social”.

“Lusíadas pelo mundo”

A primeira edição do livro de Luís de Camões já viajou por muitos mares. A obra foi impressa em 34 unidades pela primeira vez em Lisboa, em 1587. Da capital navegou com destino a três continentes diferentes. Hoje, a obra de Camões vive pelos Estados Unidos da América, especificamente na Universidade de Harvard, na Universidade do Texas, em Nova Iorque e em Rhode Island. Os versos de Camões chegaram também ao Brasil, com três exemplares espalhadas pelo Rio de Janeiro, São Paulo e no Rio Grande do Norte, em três diferentes bibliotecas. A Europa é um porto seguro para a obra, já que esta está presente em Madrid, Paris, Londres, Nápoles e Estugarda.

A outra hipótese é a venda de peças do espólio do Ateneu, como um quadro de José Malhoa, de valor estimado em 75 mil euros, um contador indo-português do século XVII, avaliado em 45 mil euros, um quadro de Henrique Pousão, estimado em 90 mil euros, e a primeira edição de “Os Lusíadas”, de 1572, estimada em 225 mil euros, segundo avaliação de uma leiloeira.

O Ateneu é, para Paulo Lopes, um “guardião de História” e a “pura e simples” venda das peças é, para o próprio, uma “violência” e, por isso, uma das opções é recorrer a financiamento. Nos últimos quatro anos, a associação já vendeu peças do seu espólio no valor de 300 mil euros.

Para além do Ateneu, o único exemplar da primeira edição de “Os Lusíadas” que se encontra no Porto está na livraria Lello & Irmãos. Mais 32 exemplares estão espalhados por todo mundo. Os sócios do Ateneu Comercial do Porto vão decidir, nesta quinta-feira, em assembleia-geral extraordinária, às 21h, no salão nobre, qual das opções vai ser tomada.