José Xavier e João Coelho são ex-alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), licenciados em Engenharia Eletrotécnica e Engenharia Informática, respetivamente. Quando se conheceram perceberam que existia um espaço no mercado português para projetos que fizessem a “mistura entre software e hardware, entre informática e eletrónica”.

Segundo João, com o “mercado da informática cada vez mais saturado”, decidiram que o foco seria “desenvolver soluções e resolver problemas do dia-a-dia através da eletrónica, e não só através da informática”.

Foi então que surgiu o projeto do Sky Angel, “um drone aquático com quatro hélices, que tem um dispositivo em baixo que larga uma bóia, ou seja, tem dois braços que baixam e sobem acionados pelo comando, o que faz com que a bóia caia em cima da pessoa que se está a afogar”, explica João.

O céu não é o limite

Para além do Sky Angel, a equipa está já a trabalhar num outro dispositivo que pretende avisar os pais que se esquecem dos filhos dentro do carro. “Nos EUA estima-se que, de nove em nove dias, em média, morre uma criança nestas condições. De facto, é chocante como é que no século XXI ainda não existe tecnologia para evitar isto”, declara João. O dispositivo passará por algo que se coloca “na viatura e que deteta a criança através do aumento de temperatura. O equipamento terá capacidade para enviar uma SMS, para quem os pais acharem conveniente e pode, inclusive, ligar para a polícia/autoridades”.

Foi no Concurso do Desafio Mar, promovido pela Portugal Telecomunicações (PT), que o drone de salvamento conseguiu o primeiro lugar. A partir daí, a equipa teve a coragem necessária para arrancar com “a construção do primeiro protótipo, numa prova de conceito que é à escala, e provar que o Sky Angel consegue ter precisão entre dar uma bóia a algum náufrago que esteja no mar, no rio ou num lago”. A vantagem desde dispositivo é a rápida estabilização da vítima, muito mais eficaz do que os meios de socorro tradicionais.

Nadadores salvadores podem vir a usar Sky Angel

Para já, o Sky Angel está ser construído em tamanho real e a ser testado já com material dado pelo Instituto de Socorro a Náufragos (ISN). “Já estamos a dimensionar todo o equipamento para permitir aguentar com uma bóia que é três a quatro vezes maior e mais pesada do que a do protótipo. Nesse sentido, estamos a ver se conseguimos fazer, para este ou para o próximo ano, uma praia piloto, que provavelmente será aqui no Porto, para verificarmos no terreno se existe, de facto, uma utilidade real para o ISN”, conta o engenheiro informático.

A ideia será que, num futuro próximo, todos os nadadores salvadores possam contar com o Sky Angel como material de salvamento. Graças à funcionalidade de controlo fly by wire, qualquer pessoa pode conduzir o drone, que é “relativamente simples de utilizar e controlar”. “O controlo é feito por GPS, por isso, se ele não estiver a ser mexido pelo comando, fica naquela posição e não se desvia para os lados, mesmo que esteja vento. Só tem que dar comandos de ‘anda para a frente’ ou ‘anda para trás’, não é um controlo direto em que tem de se estar ali a compensar os desvios”, explica José.

Para além desta possível futura parceria com o ISN, a equipa também já fez uma candidatura à Portugal Ventures, que permitirá obter algum financiamento. Para já, os custos de produção ficaram a cargo dos engenheiros, que já investiram “cinco mil euros, não só no protótipo, mas em todo um conjunto de know how, ferramentas e matérias que permitiram a construção dos protótipos”.