O projeto “Andar de Novo” tem um conceito simples: dar a pessoas que não conseguem andar, a possibilidade de fazê-lo. A equipa de cientistas e engenheiros coordenada pelo neuroengenheiro brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, está na fase final de testes do exoesqueleto.

O aparelho desenvolvido está a ser construído numa liga metálica ultraleve, alimentado hidraulicamente e com um programa de leitura de ondas cerebrais. O exoesqueleto suporta o corpo com apoios nas pernas e permite o movimento sem qualquer botão. A robótica foi desenvolvida por uma equipa de Munique, liderada por Gordon Cheng, da Technical University.

Um projeto internacional

O projeto “Andar de Novo” é uma colaboração internacional sem fins lucrativos entre a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, a Technical University, de Munique, o Instituto de Tecnologia de Lausanne, Suíça, o Instituto de Neurociência de Natal, do Brasil, a Universidade da Califórnia Davis e a Universidade de Kentucky, ambas nos EUA.

O projeto começou a ganhar forma depois de o laboratório de Miguel Nicolelis implantar sensores flexíveis do tamanho de um fio de cabelo, conhecidos como “microwires”, em cérebros de ratos e macacos.

Estes sensores conseguem captar sinais elétricos e “ações potenciais”, geradas por centenas de neurónios individuais, distribuídos pelo córtice frontal e parietal dos animais, os córtices associados ao movimento voluntário.

Para se usar o exoesqueleto é dado um capacete-leitor de ondas cerebrais ao utilizador. Os sinais são depois passados para um computador situado numa mochila, onde são descodificados e usados para porem a trabalhar os motores hidráulicos do robot.

Exoesqueleto para inaugurar o Mundial

Segundo o jornal inglês “The Guardian“, Nicolelis está agora a treinar nove homens e mulheres paraplégicas, com idades compreendidas entre os 20 e os 40 anos, no uso do exoesqueleto, num centro de reabilitação em São Paulo. Três deles serão escolhidos para participarem na cerimónia de abertura do Mundial 2014, antes do jogo inaugural, o Brasil-Croácia.

Ainda de acordo com informações publicadas pelo “The Guardian”, Miguel Nicolelis e a sua equipa de investigadores esteve, durante o mês de março, a realizar testes em tempo real em jogos de futebol, em São Paulo. Uma das preocupações do neuroengenheiro era de que a radiação emitida por telemóveis pudesse interferir com as funcionalidades do exoesqueleto.

Apesar de ter admitido que as ondas eletromagnéticas podiam fazer com que o robot se “comportasse mal”, os testes foram encorajadores, já que a probabilidade de que o exoesqueleto deixe de funcionar são “diminutas”.

Uma página de Facebook foi criada por Miguel Nicolelis, para contar os dias até à cerimónia de abertura do Mundial 2014.