Um espetáculo que, quem viu, ou dele fez parte, nunca mais esqueceu. Assim descreve o britânico The Guardian no editorial, publicado 70 anos depois, acerca da importância do desembarque de tropas americanas, canadianas e britânicas, na região da Normandia. Uma página da história da II Guerra Mundial que, ainda hoje, é celebrada como o início da vitória dos Aliados, da decadência do Terceiro Reich alemão e do final da guerra.

Foram mais de 160 mil tropas, cinco mil navios e 13 mil aviões a escrever a história do Dia D. No final do dia, 175 mil homens tinham pé assente nas Praias da Normandia e nove mil homens tinham sido mortos no fogo cruzado.
Foi uma das maiores operações militares de todos os tempos e conduziu, posteriormente, ao fim da II Guerra Mundial.

O plano

O plano do desembarque na costa francesa foi concebido por generais dos Estados Unidos, entre os quais Dwight David Eisenhower, nomeado comandante supremo das forças aliadas e que mais tarde se tornou presidente dos Estados Unidos da América. A estratégia foi preparada em segredo desde 1943, na Inglaterra, e envolveu 1,5 milhões de homens que, entre medo e incertezas, prepararam a maior operação militar anfíbia da História.

Porquê Dia D?

No vocabulário militar, o termo Dia D é ainda utilizado nos dias de hoje para referir o dia de início de um ataque ou de uma operação militar. A expressão surgiu no exército dos Estados Unidos, durante a I Guerra Mundial.

Segundo o The New York Times, confrontado com o Dia D (ver caixa 1), com todas as estratégias, incertezas, mortes que envolveu e, apesar de tudo, com a vitória que o desembarque representou, Eisenhower nunca conseguiu conter as lágrimas.

Operação Overlord em curso

A operação militar, que ficou também conhecida por Overlord (suserano, em inglês), começou pouco após a meia-noite do dia 6 de junho de 1944. São lançados cerca de 24 mil pára-quedistas, na retaguarda dos bunkers alemães. Surgem em cinco praias (ver caixa 2) cerca de 200 mil homens, distribuídos por barcos de transporte e navios de guerra. No ar estão 10 mil aviões, os mesmos que lançaram os pára-quedistas durante a noite. Perto das 06h30 inicia-se o desembarque.

Os alemães tinham 100 mil homens ao longo da costa da Normandia, distribuídos por uma série de bunkers artilhados e minas, o chamado Muro do Atlântico. Hitler acreditava que dispunha de meios suficientes para suportar um eventual ataque. Estava enganado. Os aliados dispunham de mais arsenal, mais meios, mais homens.

Locais de Desembarque

As tropas desembarcaram em cinco setores, ao longo de 80 quilómetros da costa da Normandia:
Utah (Americanos)
Omaha (Americanos)
Gold (Britânicos)
Juno (Canadianos)
Sword (Britânicos)

Seguiu-se um dia de batalha, do qual resultaram nove mil mortes, entre os bombardeamentos a bunkers e a fogo cruzado em plena areia: 175 mil homens das forças aliadas conseguiram sobreviver, de pés assentes em terra.

Após o desembarque bem-sucedido seguiram-se semanas de batalha, que ficou conhecida por Batalha da Normandia. Dois meses após o início do desembarque, a 25 de agosto, Paris foi libertada das forças do Terceiro Reich. A 30 de abril de 1945, as forças aliadas tomam de assalto o Reichstag (atualmente o Parlamento alemão, em Berlim), um dos maiores símbolos do Terceiro Reich durante a guerra. No mesmo dia, a poucos quilómetros, morre Hitler. A 8 de maio é assinado, em Berlim, o tratado de rendição da Alemanha.

A guerra terminaria só a 2 de setembro de 1945, após a rendição do Japão, que cedeu depois das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, lançadas pelos americanos em agosto. O dia D foi, assim, o princípio do fim de um confronto que abalou a Europa e o mundo durante seis anos.

Celebrações do dia D

Seis de junho de 2014. Setenta anos depois do desembarque na Normandia, ainda se celebra o dia que simbolizou a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial e homenageiam-se os milhares de soldados mortos na Normandia.

Setenta anos depois, François Hollande recebe, neste dia, 18 chefes de Estado, entre eles Angela Merkel, David Cameron, Vladimir Putin e Barack Obama. Figuras que, 70 anos depois do dia D, falam de outras guerras. Da crise na Ucrânia. Setenta anos depois, os países do G7 condenam, na Normandia, “a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e ações para desestabilizar o Leste da Ucrânia”.