Continua a crescer o legado da jovem que impressionou o mundo com os seus manuscritos sobre a vida num esconderijo durante a II Guerra Mundial. A editora andaluza Confluências publica, nesta segunda-feira, um novo livro, a respeito de Anne Frank, com entrevistas do pai, Otto Frank, e de Miep Gies. Entre as curiosidades que se podem encontrar nesta publicação está presente a única palavra que Otto Frank censurou dos textos originais da filha. No livro ainda é revelado o medo que os alemães causavam a Otto durante e imediatamente após o período da guerra.
Um sobrevivente
Otto Frank chegou a combater pela Alemanha na I Guerra Mundial, atingindo, inclusive, o posto de tenente. Foi a primeira grande guerra à qual sobreviveu. Miep Gies descreveu-o como “o líder, o chefe, o mais calmo, o educador das crianças, o mais consciente e aquele que mantinha o equilíbrio entre todos” aqueles que viviam, refugiados das forças da Gestapo, no seu anexo.
Após a morte da filha, Otto Frank dedicou-se a testemunhar o sofrimento que fora infligido à sua família e a si mesmo, além de divulgar o legado deixado pela adolescente, que se tornou um dos grandes ícones daquele período da história.
Nesse sentido, além da publicação do afamado “Díario de Anne Frank”, que se viria a tornar num marco literário e cinematográfico, Otto também concedeu várias entrevistas, sendo duas delas parte desta obra: uma em 1967, com o jornalista italiano Arnaldo Foa, e a segunda em 1977, realizada pelo norte-americano Arthur Unger.
A última das entrevistas tem como protagonista Miep Gies, a mulher que escondeu vários judeus em sua casa – entre os quais Anne Frank e a sua família – durante mais de dois anos. Foi também Miep Gies quem guardou o diário da jovem, entregando-o posteriormente ao seu pai, o único sobrevivente dos judeus que viveram escondidos no seu anexo secreto. A sua entrevista é de 1998, com Menno Metselaarde, e, nela, Miep Gies conta como foi possível guardar os textos de Anne Frank.
No site da editora foram disponibilizados excertos, num total de cinco páginas, da entrevista de Otto Frank para o canal RAI Storia, em 1967, quando este tinha 78 anos. Nessa entrevista pode ler-se que Otto desejava “cumprir o testamento” de Anne Frank, que passava, como tinha ela escrito no seu famoso diário, por “trabalhar pela humanidade”.