Alemanha, ano de 2006. Com a derrota frente à Grécia na final do Euro 2004, a jogar em casa, ainda bem presente na memória, Portugal chega ao Campeonato do Mundo como um dos conjuntos a ter mais em conta. O bilhete de acesso à competição foi garantido cedo, com Portugal a vencer, de forma inapelável, o grupo C da fase de qualificação europeia. Trinta pontos em 12 jogos, com 35 golos marcados e apenas cinco sofridos, contribuíram para aumentar as expectativas em torno da seleção para o Mundial.

Com Deco, bola de prata em 2004, Figo, Bola de Ouro em 200, e Ronaldo, futuro Bola de Ouro (2008) nas suas fileiras, o conjunto português era um dos nomes com boas perspetivas para chegar longe.

Portugal foi sorteado para o Grupo D do Campeonato do Mundo, juntamente com o México, o Irão e Angola e era o favorito a terminar o grupo na primeira posição. Na primeira partida, frente à Angola, as quinas venceram por 1-0, com golo de Pedro Pauleta, aos 4 minutos. Frente ao Irão, Deco (63′) e Cristiano Ronaldo (g.p. 80′) deram a vitória por 2-0 a Portugal, que chegava ao jogo de decisivo do grupo D na frente, com mais dois pontos que o México. Na última partida, no frente-a-frente entre os dois conjuntos, as quinas levaram a melhor, com um triunfo por 2-1, com golos de Maniche e Simão Sabrosa. Kikin Fonseca fez o golo de honra para o México.

Curiosidades

O Campeonato do Mundo de 2006 bateu o recorde de expulsões. Com 28 jogadores a serem admoestados com o cartão vermelho, a edição de 2006 superou a anterior detentora do recorde, a edição de 1998, com 22. O Portugal – Holanda foi o jogo com mais cartões num Mundial, com quatro vermelhos e 16 amarelos.

Portugal seguia para os oitavos-de-final com uma grande performance na fase de grupos, com nove pontos conquistados em nove possíveis e preparava-se para defrontar o segundo classificado do grupo C, a respeitosa seleção da Holanda. As duas equipas haviam-se defrontados dois anos antes, no Euro 2004, e Portugal vencera por 2-1. Dois anos volvidos e a sorte voltou a estar do lado português. Num jogo intenso e disputado aos limites, com quatro expulsões – duas para cada lado -, Maniche resolveu, ao marcar o único golo da partida.

Nos quartos-de-final, outra reedição do Euro 2004. A Inglaterra voltava a atravessar-se no caminho português, depois de em 2004 ter sido afastada do torneio europeu pelas quinas, após penalties. O jogo de 2006 teve uma história semelhante, com as grandes penalidades a voltarem a ser a solução. Ricardo brilhou, ao defender três penalties. Uma das paradas do guarda-redes tornou-se célebre por este tirar as luvas.

O carrasco francês volta a aparecer

A França é uma equipa de más memórias para Portugal. Depois de ter afastado Portugal da final do Euro 2000, voltou a intrometer-se entre Portugal e uma final em 2006, no Campeonato do Mundo. Num jogo equilibrado, a seleção gaulesa acabou por vencer através de uma grande penalidade, cometida por Ricardo Carvalho sobre Thierry Henry, que Zidane converteu. Portugal bem tentou chegar ao empate, mas a França não deixou fugir a vantagem e alcançou a final da competição.

Era o fim do sonho português. A final esteve perto, mas, tal como em 66 – a melhor classificação de sempre em Mundiais – a seleção das quinas teve de se contentar com o jogo de terceiro e quarto lugares.

Na partida de apuramento para a medalha de bronze, Portugal defrontava a seleção anfitriã, a Alemanha. O conjunto português queria igualar a melhor prestação de sempre, conseguida em 66, pelos “Magriços”, mas a Mannschaft foi superior e acabou por vencer por 3-1, com um bis de Schwensteiger.

Itália – França, um duelo emocionante

A final do Campeonato do Mundo pôs frente-a-frente a França, seleção que derrotou Portugal, e a Itália, que, nas semi-finais, tinha ultrapassado a anfitriã Alemanha, por 2-0, após prolongamento. Esperava-se uma final equilibrada e essa expectativa foi desde cedo confirmada.

A seleção gaulesa tomou as rédeas do encontro, com um golo de Zinedine Zidane, aos 7 minutos, mas a Itália não tardou em ripostar. Materazzi fez o empate aos 19 minutos e o resultado não voltaria a alterar-se, nem após o prolongamento. Foi necessário recorrer às grandes penalidades e, aí, a Itália foi mais forte, com 5-3 na conversão dos 11 metros. Foi o quarto troféu para a Itália, que se isolou no segundo lugar das seleções com mais títulos, atrás do Brasil, com cinco.

Esta final ficou também marcada pela épica cabeçada de Zidane a Materazzi. Os dois jogadores pegaram-se quase no final do prolongamento e o francês agrediu o adversário com uma cabeçada no peito, acabando expulso e despedindo-se de forma amarga dos Mundiais.