A crise económica tem afetado, com grande impacto, a indústria dos media. A queda das vendas dos jornais do grupo Controlinveste levou ao despedimento de mais de 140 colaboradores. Desses, 67 eram jornalistas. Do total de trabalhadores despedidos, 24 são jornalistas do DN, entre os quais editores e executivos, 35 do JN e oito da TSF. A decisão foi justificada com a quebra de receitas e a necessidade de reduzir custos para “garantir a sustentabilidade do negócio” do grupo.

A jornalista Sónia Simões, atualmente no Observador, diz mesmo que, “nesta profissão, já não se chega a velho”. Antes dos despedimentos do “24 horas”, convidaram-na a passar para o DN, ainda antes de se saber que ia fechar.

O Sindicato dos Jornalistas disse-se preocupado com as consequências, “não só sobre os trabalhadores e as suas famílias, mas também para a necessária garantia de prestação de serviço ao público na quantidade e com a qualidade que lhe são devidas, pelo que defende que é necessário encontrar alternativas”. O comunicado de imprensa diz ainda que os despedimentos não podem “ser a única solução das administrações para resolver as dificuldades económicas”.

Ao todo, nos últimos cinco anos, o grupo Controlinveste já despediu mais de 312 trabalhadores.
Esta quinta-feira, jornalistas de vários órgãos de comunicação social concentraram-se em frente ao edifício do Diário de Notícias, em Lisboa, para protestar.

Seis anos de jornalismo em Portugal

Desde 2008 que o espetro dos meios de comunicação português tem sofrido alterações. Apesar dos despedimentos e fechos houve, também, quem não ficasse quieto e criasse uma oferta mais diversificada. Em 2009 aconteceu o primeiro despedimento coletivo na Controlinveste. O grupo despediu, então, 122 trabalhadores, dos quais 22 jornalistas do “Diário de Notícias”.

Mas 2009 foi também o ano em que nasceu o diário i, um projeto media inovador em termos de design. Em 2010, o jornal “24 horas” e o “Global” foram fechados, também eles pertencentes ao grupo Controlinveste. E o Rádio Clube Português também encerrou.

Os despedimentos continuaram e, em 2012, foi a vez de a Sonae despedir 48 trabalhadores do Público. Em maio de 2014 nasce o Observador, prometendo fazer um jornalismo “deste tempo”, “um jornalismo esclarecedor, que ajude a pensar e a compreender”.