A crise criou uma nova dona de casa que sabe os preços de cor, está atenta às promoções e persegue os vales de desconto. Cristina Sousa é autora do blog Descontos e começou por comparar as ofertas e comprar em maior quantidade produtos que estavam a um preço mais baixo. Isso permitiu-lhe: “Pagar as minhas dívidas e criar um fundo de emergência”.
Daí para partilhar a informação que ia descobrindo foi um pulinho: “Comecei com emails para familiares e amigos, mas como nunca sabia o que interessava e a quem, optei por um método menos intrusivo e ‘spammer’: o blog”.
O blog “Descontos” publica estratégias de poupança em bens de primeira necessidade: alimentação, higiene, limpeza,entre outros. Quase todas as informações são relacionadas com compras e vendas em supermercados e traduzem-se, na sua maioria, na acumulação dos diversos descontos existentes.
Quando a “necessidade aguça o engenho”
É “quem precisa de poupar dinheiro” que adere mais a este tipo de estratégias. “A necessidade aguça o engenho e surge a necessidade de procurar outras formas de poupar que não seja, tão somente, cortar no consumo”, acrescenta Cristina.
Mas convém esclarecer que nem sempre a utilização do vale de desconto significa poupança: “A má utilização pode resultar em gastos acrescidos”, quando passamos a comprar um produto que nem costumava ser comprado, ou mesmo porque esse produto acaba por ficar mais caro que outros idênticos em natureza.
Depois, há descontos e há “descontos” diz Cristina.”Vemos as marcas colocar um preço superior ao habitual como o preço inicial, para dizer que baixaram 50%. Ou ainda, quando os 25% de desconto num produto que é publicitado como uma grande promoção, mas que, feitas as contas, deixa o produto a um preço mais caro (mesmo depois do desconto) que em qualquer outra loja da concorrência”.
Afinal, a verdadeira poupança surge no assumir uma estratégia de compras inteligentes: “Comprar menos, comprar melhor e comprar por menos”. E ainda “conhecer as estratégias adoptadas pelas marcas e não deixar que sejam essas a ditar o que comprámos”.
O “Poupas” é ainda distribuído mensalmente pelas ruas do Porto
Mas se por um lado estas promoções estão destinadas às compras em grandes superfícies, há quem aproveite o momento de conjuntura para revitalizar a loja que se encontra perto de casa. É o caso do Poupas, uma plataforma que procura divulgar promoções do comércio tradicional do Grande Porto.
Pedro Vaz-Branco, um dos fundadores do projeto, explica que o poupas aposta em dois canais de comunicação. No sítio online poderão encontrar-se promoções diárias, semanais e mensais. A novidade assenta num voucher físico – uma espécie de “caderneta” – que será distribuída mensalmente pelas ruas do Porto. “Procuramos atingir aquela população que se calhar não tem tanta apetência para as tecnologias de informação, mas que poderá aproveitar de igual forma os descontos e promoções”, diz.
Lançado no início do mês, o poupas conta com cerca de 25 parceiros, que vão desde restaurantes a serviços de mecânica, mas espera expandir a uma escala nacional, até porque “nem todos têm conhecimento da diversidade e qualidade dos produtos portugueses e do comércio de rua”, garante.
Para aderir ao Poupas, o processo é bastante simples. Segundo o fundador do projeto, ao entrar em contacto com a organização, os comerciantes poderão apostar em campanhas diárias, semanais ou até mesmo mensais. Consoante o destaque atribuído no site, os valores poderão variar entre 10 euros e 60 euros.
No que toca à adesão às promoções, Pedro acredita que é quase uma “ideologia global”, em que “todos, quer classe média ou alta”, tendem a procurar um bom produto ao menor preço possível.