Will Francome e Mark Pizz, diretores do projeto, começaram a desenvolver o “One for Ten” quando descobriram que, por cada dez pessoas executadas nos Estados Unidos da América, uma pessoa inocente é libertada do caminho da morte.

“Isto mostrou-lhes que este era um nível de insucesso inaceitável para um sistema tão definitivo”, conta Laura Shacham, membro da equipa do projeto. “One for Ten” tenta encorajar o interesse à volta dos “erros fatais que envenenam o sistema de justiça dos EUA” e aumentar o envolvimento da população norte-americana no assunto. Durante cinco semanas, em abril e maio de 2013, foram colocados filmes online com o testemunho de dez condenados que foram libertados do corredor da morte.

Pena de Morte

A cronologia
Quando avanços resultam em recuos
As alternativas à sentença definitiva
– Há um projeto que dá voz aos inocentes

Em parceria com a organização “Witness to Innocence“, a equipa conseguiu encontrar pessoas que contassem a experiência de ser condenadas à pena de morte injustamente. Ao partilhar as histórias, o projeto permitiu mostrar à audiência uma visão geral das razões que levavam pessoas inocentes a estarem no caminho da morte ou a serem executadas, e de como estes erros são frequentes no sistema de justiça dos EUA.

Enquanto os membros da equipa são moralmente opostos à pena de morte, no “One for Ten” procuraram manter uma distância imparcial que lhes permitisse avaliar melhor os casos e o que leva o sistema a implementar a pena capital. Laura Shacham afirma que, independentemente da opinião da audiência em relação ao assunto, a equipa quer que a população tome consciência de que o sistema não está a adotar corretamente este “castigo”.

“Nós achamos que estas histórias de condenações erradas e estes erros de justiça falam por si e que a sua verdade abre um espaço de aceitação e apoio para discussão dos assuntos morais e legais”, explica a equipa.

A realidade nos EUA

Através de um estudo realizado nos EUA, uma equipa de peritos legais provou que 4,1% das pessoas condenadas à morte são inocentes. O estudo pretendia calcular quantas vezes o sistema judicial norte-americano condenava à morte pessoas inocentes e comparar a taxa de pessoas inocentes que eram sentenciadas e aquelas que eram libertadas.

Ao contrário do que acontece na maioria dos documentários, a equipa do “One for Ten” permitiu que a audiência participasse na produção dos filmes publicados online. “Nós tivemos o fantástico apoio de um advogado do Reino Unido que escreveu casos de estudo para cada um dos exonerados envolvidos no projeto”, conta Laura Shacham, o que possibilitou a publicação dos estudos no site do projeto.

Desta forma, as pessoas podiam fazer as perguntas em tempo real, enquanto as entrevistas estavam a ser filmadas e transmitidas no Twitter. Esta estratégia fez com que a audiência estivesse à espera para partilhar os vídeos quando estes fossem colocados na página do projeto. Um processo que gerava “debate e criava um espaço ótimo para conversas nas nossas páginas do Facebook, assim como no Twitter e no YouTube“, acrescenta Laura Shacham.

A equipa acredita que o projeto “One for Ten” foi “bem-sucedido em captar o interesse da audiência” de uma forma inovadora. A chave para o sucesso do projeto esteve em atrair a atenção de muitos para a problemática, que se mostrou através da quantidade de partilhas do documentário.