Na Rua Ferreira Borges, pelo que se sabe, nunca viveram reis, rainhas, príncipes ou princesas. O imponente edifício residente da Associação de Comerciantes nasceu do espírito entusiasta e do investimento generoso dos burgueses oitocentistas da Invicta.

No lugar onde hoje se vê o Palácio da Bolsa, havia antes o Convento de São Francisco. Após um incêndio devastador no convento, D. Maria II – de cognome Boa Mãe – concedeu o terreno à Associação Comercial do Porto para que se construísse ali a sua sede.

Do convento antigo, manteve-se o claustro central, baptizado agora de Pátio das Nações, por ser decorado com o escudo nacional e as armas de vinte países com os quais Portugal mantinha as mais estreitas relações de amizade e de comércio.

Na construção do imponente edifício, trabalharam muitos artistas e vários arquitetos mas a grande parte deles não chegou sequer a ver o resultado final, visto que a conclusão do edifício data de 1910, 68 anos depois.

Atualmente, os espaços amplos e requintados do palácio são vistos por milhares de turistas por ano, a maioria proveniente de França, Espanha, Alemanha e Brasil. Os portugueses, por desconhecimento da jóia arquitetónica ou pelos sete euros que custa a visita, não visitam tantas vezes.

Sérgio Ferreira, coordenador turístico do palácio, garante que o desafio dos últimos anos tem sido remar contra a maré: “Os outros museus têm subido os preços, nós mantivemos o preço, abrimos novas salas e aumentamos o tempo da visita em 15 minutos”.

O que há para visitar dentro do palácio

A pretexto da comemoração dos 180 anos da Associação Comercial, é possível visitar mais três salas no primeiro piso do edifício: a sala do Telegrapho Comercial, a Galeria dos Presidentes e o Gabinete de Gustave Eiffel. Três gabinetes que, lado a lado, mostram a relação da Associação do Comércio com o poder da cidade, o uso pioneiro do telégrafo e o gabinete que Gustave Eiffel – o arquiteto responsável, entre outros, pela Torre Eiffel em França, a Estátua da Liberdade em Nova Iorque e a Ponte D. Maria Pia no Porto – utilizou na sua visita ao Porto no século XVIII.

Quando chegam ao Palácio, muitos dos turistas perguntam se é possível visitar apenas o Salão Árabe, conta Sérgio Ferreira. O salão, de invulgar riqueza coberto a folha de ouro, é reconhecido como a jóia da coroa e a mais emblemática de todas as salas. A visita exclusiva não é permitida, para bem do turista e do palácio. A Sala dos Retratos, dedicada aos últimos anos da monarquia nacional, a Sala Dourada ou a Sala do Tribunal são parte da visita que, faça chuva ou faça sol, acontece a cada meia hora.

As pinturas, candeeiros e tetos trabalhados atraíram o JPN para uma viagem atenta aos pormenores do Palácio da Bolsa.