O edifício demolido, localizado na Rua Raúl Brandão, era composto por uma série de cinco blocos unidos por um corredor interior. As alterações, no entanto, não se prenderam com a conservação das instalações, mas sim do bom ambiente do bairro, já que, antes, “as pessoas tinham receio de entrar lá”, diz o Presidente da Câmara, Guilherme Pinto.

Os moradores do bloco central foram realojados em conjuntos habitacionais próximos consoante as suas situações e disponibilidades, havendo, sempre, “um processo de diálogo”, afirma o socialista.

O projeto começou com o apoio do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), mas “a instituição rasgou o contrato por falta de financiamento”, obrigando a Câmara a recorrer à sua capacidade de endividamento para completar a obra. O importante, diz o Presidente, “é não ter casas que não tenham qualidade para as pessoas, abrindo a porta ao sol e ao sossego” e melhorando as condições de vida dos moradores.

No total, a autarquia gastou aproximadamente 200 mil euros em cada bloco de habitação, tendo havido “mais demolições do que construções”. Apesar de já ter havido intervenções anteriores, esta foi a mais significativa, “na medida em que veio resolver um problema social”.

Se antes a instabilidade de um dos blocos se podia transmitir facilmente ao resto do bairro, “hoje é possível seccionar e potenciar uma tranquilidade que se estende ao bairro todo. Aquela que era uma casa-conflito passa, assim, a ser uma casa-pátio”, defende Guilherme Pinto.

Apesar dos esforços da autarquia, os moradores continuam a contrair queixas relativamente ao ambiente do bairro da Biquinha. Hoje, depois de ter sido demolido o bloco central, ficaram dois blocos separados: “Um calmo e tranquilo, e outro em que as pessoas ainda têm graves problemas de convivência entre si”.

Outro problema bastante apontado entre os moradores é a falta de critério na atribuição de alojamento. É o caso de Fernanda, com cinco filhos, que vive num T2: “A minha filha mais velha já é uma mulher e precisa de um quarto só para ela”. Por outro lado, há casos de famílias com apenas um filho que recebem apartamentos T3, contam alguns moradores.

Espera-se que o projeto termine no prazo de um mês, já que as obras se encontram na fase final e as remodelações mais importantes já foram concluídas.