Um “símbolo da cidade”. Assim define Germano Silva, jornalista e historiador da cidade do Porto, o emblemático Mercado do Bolhão, que este ano celebra 100 anos desde o desenho do projeto, pela mão do arquiteto Correia da Silva.

Apesar da polémica em torno da data de inauguração, o historiador partilha com o JPN a sua visão sobre as dúvidas que restam acerca da marca redonda. “Faz cem anos a estrutura, o Bolhão, o mercado. Ele foi construído em 1914 por iniciativa do vereador da altura, Elísio de Melo, o mesmo que abriu a Avenida dos Aliados. Começou a pensar nisso muito cedo e foi nesse ano que lançou um concurso e iniciou a construção do mercado”, explica.

Nesse mesmo ano iniciou-se o aluguer das lojas do espaço, fruto da industrialização da época que chegava ao Bolhão e ao Anjo, o outro mercado da Invicta. Isto porque, segundo Germano Silva, o Bolhão, enquanto mercado, existia desde 1838 a céu aberto. “O local escolhido para a sua construção não era um local muito próprio: era um lameiro, um “bolhão” onde passavam vários cursos de água a céu aberto”, acrescenta o historiador, que lembra a necessidade de atoalhar todo o terreno com entulho, por exemplo, da então demolida Igreja do Convento dos Lóios.

Para Germano Silva, a “polémica” em torno da data de celebração dos 100 anos é “saudável”, não fosse ela um “pretexto para se falar outra vez do Bolhão” e para incentivar as autoridades responsáveis a “olhar bem para um mercado que merece a pena recuperar com o seu traço antigo”.