Investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, levaram a cabo um estudo, publicado na revista científica Appetite, que pretende provar que a ingestão de um extrato de espinafres rico no composto “tilacóide”, presente nas membranas das folhas, é capaz de reduzir a fome hedónica, ou seja, o desejo de comer “fast-food”, doces ou outros alimentos pouco saudáveis.

Para além disso, pode ajudar a emagrecer, quando ingerido a longo prazo, e reforça a produção de hormonas da saciedade no nosso organismo. Principalmente se for ingerido logo pela manhã.

“A nossa análise mostra que ingerir uma bebida com tilacóides antes do pequeno-almoço diminui a vontade de comer doces e faz com que nos sintamos mais satisfeitos ao longo do dia”, afirma Charlotte Erlanson-Albertsson, autora do estudo e professora de Medicina e Química Fisiológica, em comunicado.

A experiência

Uma das participantes no estudo (vídeo abaixo) diz mesmo que, logo no primeiro dia em que começou a tomar o extrato, não teve desejo, “de todo”, de comer bolos, ainda que estivesse num café, rodeada de “tentações”.

O estudo demorou três meses e envolveu 38 mulheres com excesso de peso. Todas as manhãs, antes da primeira refeição do dia, as participantes ingeriam uma bebida verde. Sem saber a que grupo pertenciam, metade das participantes receberam cinco gramas de extrato de espinafre e a outra metade – o grupo de controlo – receberam um placebo. Para além disso, as únicas instruções que receberam incluíam seguir uma dieta equilibrada – incluindo três refeições por dia.

Tilacóides dão tempo ao cérebro de perceber que o organismo está satisfeito

“Ao longo do estudo, o grupo de controlo perdeu cerca de 3,5 quilos, enquanto o grupo que recebeu os tilacóides perdeu cinco quilos”, revela a cientista. Para além disso, “o grupo tilacóide descobriu que lhes era mais fácil manter-se apenas nas três refeições por dia”, disse Charlotte Erlanson-Albertsson.

Segundo a investigadora, o sucesso deste composto deve-se essencialmente à promoção da sensação de saciedade e ao atraso do processo digestivo. É que um dos grandes problemas dos “modernos alimentos processados” é o facto de tornarem a digestão muito rápida, dificultando o trabalho das hormonas, que não têm tempo de “avisar” o cérebro de que o organismo está satisfeito.

Os tilacóides fazem precisamente o oposto, proporcionando às hormonas intestinais o tempo necessário para se libertarem e comunicarem com o cérebro. “Tem tudo a ver com o aproveitamento do tempo que demoramos a digerir os alimentos”, sublinha Erlanson-Albertsson.

No entanto – e aqui reside o maior problema do estudo – comer espinafres por si só não é suficiente. As folhas devem ser esmagadas, filtradas e centrifugadas para ser extraído o tilacóide, que tem o efeito desejado. Ou seja, este extrato tem de ser disponibilizado ao consumidor já preparado, para que o “cidadão comum” tenha acesso aos resultados demonstrados.