Quem passa, para. As cabeças percorrem, de alto a baixo, algo que, outrora, não estava naquela parede de 250 metros quadrados do parque de estacionamento da Trindade. “Está bonito, isto!”, “Que maravilha!”, ouve-se um casal comentar entre si. Referem-se ao primeiro mural livre de arte urbana que o Porto alguma vez já teve.

Como aquele casal fazem outras pessoas. Na verdade, parece existir um semáforo invisível na Rua Alferes Malheiro, onde a obra está. Afinal, trata-se de arte ao ar livre. Os autores, Hazul Luzah e Mr. Dheo, dois portuenses já habituados a este tipo de intervenções. A diferença é que, desta vez, a obra é permanente e estará protegida pela Câmara do Porto.

Arte urbana em fase áurea

A Câmara do Porto também informa que, brevemente, 15 caixas de distribuição de energia elétrica, na Rua das Flores, vão ser objeto de intervenção artística. Em outubro, será a vez lançar uma convocatória para um novo ciclo de intervenções em 19 cabines telefónicas da cidade, a exemplo do que já foi feito em alguns destes espaços.

Com efeito, foi a própria autarquia a abordar os artistas, querendo, desta forma, iniciar uma de várias iniciativas futuras dentro do género, para impulsionar a arte urbana na cidade. Neste caso, é mesmo o Executivo que o assume, em comunicado: “O objetivo é transformar a cidade num palco privilegiado para a arte urbana, valorizando o património e o edificado, mas também diferenciando, sempre que possível, o que é expressão artística do puro vandalismo”.

E, de facto, é do vandalismo que Rui Novais, de 69 anos, tem receio que a obra venha a ser alvo. “Isto está engraçado, está giro. É pena que venham outros para estragar aquilo que está bem feito. Temos uns criminosos noturnos que danificam tudo. E é de lamentar, porque é um esforço que estão a fazer para dar um pouco mais de vida à cidade”.

Para esta nova vida, a Porto Lazer assume-se como um “elemento facilitador na receção e avaliação das propostas, aligeirando todos os processos administrativos e de licenciamento, em estreita articulação com os vários serviços da autarquia”. Com a inauguração oficial, esta terça-feira, do primeiro mural livre de arte urbana da cidade, estão abertas as portas para a “criação artística em contexto urbano”, “num enquadramento institucional autorizado”.