Alberto Amaral, hoje presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), é uma “figura ímpar da nossa universidade”, sublinhou o reitor, Sebastião Feyo de Azevedo naquele a que chamou de “momento doce” da instituição: a comemoração dos 20 anos da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP).

“Doce” essencialmente pelo caminho amargo que foi necessário percorrer, ao longo de quase meio século, para erguer a Escola de Direito do Porto, que era já um “velho anseio da comunidade académica e da cidade que a acolhe”.

Alberto Amaral “não desistia nunca”

“São 20 anos”, por isso, “marcados pela tenacidade do professor Alberto Amaral”, afirmou Feyo de Azevedo, já que lhe coube a ele, na altura reitor da Universidade do Porto (UP), essa conquista. E segundo Pedro Lynce de Faria, Alberto Amaral era, de facto “a pessoa mais indicada para levar uma pedra destas”. “A pedra até podia acabar por passar-lhe por cima, mas desistir ele não desistia nunca”, afirmou o ex-Ministro da Ciência e do Ensino Superior.

Alberto Amaral reconhece a insistência que o caracterizou, na altura, mas desvaloriza. “A luta começou quando a UP começou” e “coube-me a mim a sorte de conseguir [vencê-la]”. “E eu tive logo duas sortes”, diz: um “mandato longo” (que lhe permitiu a persistência), e a altura – “Na altura até era fácil fazer as coisas, havia dinheiro”, recorda.

“Na altura até era fácil fazer as coisas, havia dinheiro”

Hoje nota, “com grande agrado, que a faculdade se desenvolveu”. E não por causa de “rankings”, que “valem o que valem”, mas pela “preferência dos alunos por esta escola [a FDUP]”, que é “o mais importante”. Uma preferência espelhada no facto de ter sido “a Faculdade de Direito com média mais alta do país”, como destacou Gonçalo Cerejeira Namora, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito (AEFDUP), e resultante da “confiança que a sociedade tem na Universidade do Porto e na sua escola de Direito”, sublinhou o atual reitor.

Homenagem incluiu descerramento de um retrato do reitor fundador

Afinal, Alberto Amaral, enquanto “reitor visionário e académico emérito”, como destacou Feyo de Azevedo, não só “continua a dignificar a Academia Portuguesa no seu todo” como deixou à Universidade do Porto um “legado de grandes dimensões”. Sabemos bem o valor que tem para a Universidade do Porto a massa crítica da FDUP”, declarou o reitor.

Uma massa crítica atualmente “liderada” por Cândido da Agra, diretor da faculdade, que elogiou não só o trabalho do reitor fundador da instituição, Alberto Amaral, mas a personalidade do homem que diz ter, citando Maquiavel, uma “rara inteligência” e “uma força e uma coragem capaz de transpor montanhas”. “Foi graças a esta atitude de leão que estamos a comemorar os 20 anos da Faculdade de Direito da Universidade do Porto”, disse.

Palavras que Alberto Amaral acolheu de coração cheio: “Afinal, o balanço [do seu trabalho na UP], foi positivo”, brincou. “A universidade deve ser generosa, não olhar só ao lucro, e eu devo ter sido muito generoso para ser agora merecedor destas palavras”, afirmou. De palavras e de um retrato, em jeito de homenagem que “eterniza” a imagem de Alberto Amaral – não apenas enquanto académico mas também enquanto homem, à beira-mar – e que as paredes da faculdade de Direito acolheram até que, daqui a muitos mais 20 anos, a tinta se esbata.