Pode não saber para onde vai, mas quer saber de onde vem? Luísa Pereira, investigadora no Ipatimup, pode ajudar. Só precisa de se inscrever (até dia 5 de outubro, aqui – e atenção que só existem 50 vagas) e disponibilizar um bocadinho de saliva.

Os genes

“Os genes constituem o mais perdurável e inestimável bem que é transmitido ao longo das gerações, permitindo a sua continuidade. Como tal, constituem a memória da nossa origem comum enquanto espécie. Esta memória ultrapassa a reconstituição que muitos de nós consegue fazer da sua história familiar, até 3-4 gerações atrás”.

“A minha investigação tem sido baseada em constituir o passado das populações, nomeadamente a portuguesa, através de estudos genéticos”, conta a investigadora. “Esta ideia surgiu porque tenho sido contactada por várias pessoas que gostavam de fazer o teste [genético] ou que me perguntam se há alguma empresa em Portugal que o faça”.

Assim, este workshop, como Luísa lhe chama, permite que as pessoas fiquem “a conhecer a sua linhagem materna”. Ainda assim, Luísa não queria que esta atividade fosse “tipo empresa, onde se dá a resposta e nada se explica” – daí a designação.

O objetivo é “explicar bem os resultados e o método utilizado”. Por isso, na primeira sessão, que decorre das 18h às 10h do dia 7 de outubro, será explorado “o passado das populações, com enfoque na população portuguesa” e será feita uma “visita ao laboratório” – com direito a conhecer “as máquinas utilizadas” e a técnica -, para além da “recolha da saliva para a sequenciação completa do ADN mitocondrial”.

Conhecimento genético é cada vez mais importante, por exemplo, na área da saúde

Uma “sequenciação completa”, como explica Luísa, para se obter “uma maior certeza da resposta”, o que “ainda leva o algum tempo”. Por isso, a segunda sessão acontece apenas a 2 de dezembro, à mesma hora, com a “entrega e interpretação dos resultados”, sendo que a investigadora e o laboratório garantem “total confidencialidade” dos mesmos.

Custo

Esta iniciativa, que surge também n âmbito das comemorações dos 25 anos da insituição, tem o custo de 300 euros a inscrição individual – que “inclui a participação nas duas sessões, o teste genético de sequenciação completa de ADN mitocondrial e o certificado da linhagem materna” – ou 320 euros a inscrição coletiva – destinada “a três indivíduos aparentados pelo lado materno”, ainda que “a saliva seja apenas recolhida a um dos participantes “(partindo do pressuposto de que a linhagem materna é partilhada entre eles)”. Mais informações: [email protected]

Depois de obterem a sua sequência, estas pessoas podem ainda “usar algumas ferramentas disponíveis online [onde inserem a sua sequência] e verem até que ponto é frequente em outras partes do mundo”.

Mas este conhecimento genético, mais do que servir para “responder a perguntas do foro da História e da Arqueologia, como ‘quem somos?’ ou ‘de onde viemos?'”, torna-se cada vez mais importante na área da saúde. “Esta descrição do parentesco entre as populações e de como as linhagens se distribuíram geograficamente e temporalmente também tem uma importância muito grande em termos de doenças. Principalmente doenças complexas, como infeções ou o cancro”, afirma Luísa.

Com ou sem essa pretensão, é cada vez mais comum o interesse das pessoas por esta área e pela descoberta das suas raízes. “É incrível a quantidade de pessoas que já tem informação sobre este tipo de testes e os procura fazer”, conta Luísa. “Também foi uma surpresa para mim”. E para além disso, “já são bem formadas e fazem uma ideia bastante boa do tipo de resultados que lhes damos”, diz.