Já se deparou com um twister público nas Galerias ou um jardim privativo ali para o lado dos Clérigos? Na Foz, também não se deparou com nada estranho pelo caminho? É que até 27 de setembro, alguns parques de estacionamento da cidade de três zonas da cidade ganharam outro propósito e são galerias de arte ao ar livre.

A ideia chama-se “Park(ing Week)” e é importada de uma ideia muito parecida, a “Park(ing) Day”, que já aconteceu noutras cidades do mundo, sempre a 19 de setembro. A questão é que a Câmara do Porto achou tanta piada à iniciativa, proposta pela plataforma “Ideias à Moda do Porto” (ver caixa), que decidiu prolongá-la de um dia, para uma semana inteira.

A “Ideias à Moda do Porto”

“Não é um conceito novo em termos europeus mas é um conceito relativamente novo em Portugal”, começa Gustavo. “É um conjunto de cidadãos, dos 17 aos 30 anos, que se organizou para pensar a cidade do Porto” e apresentar propostas concretas para problemas que detetam. Da Economia às Artes, passando pela Medicina, é constituído por pessoas de várias áreas académicas e maioritariamente estudantes “com vontade de participar ativamente, mas de forma diferente”. “Tenta melhorar a qualidade do debate democrático, analisando os assuntos prementes para a região” e apresentando “propostas concretas para a sua resolução”, explicam. A plataforma existe desde dezembro de 2013, mas já estavam organizados há cerca de seis meses. A Park(ing) Week é a primeira iniciativa prática do grupo.

A ideia é precisamente “ocupar lugares de estacionamento na via pública com estruturas de base artística que sensibilizem a população para o espaço que os automóveis ocupam nas nossas ruas e vidas. Sempre de uma forma divertida, promovendo a interação com o transeunte”, explicam, em comunicado.

As três zonas são a rua Miguel Bombarda, não fosse esta “a rua mais artística do Porto, por princípio”; a Cândido dos Reis, na Baixa, para “que fosse visível”; e a Foz, “para criar um pólo um pouco mais afastado”. Campanhã também entrava na lista, mas nunca chegaram “a obter resposta” do espaço que requisitaram, conta Gustavo Dos Santos, diretor cultural da plataforma, em entrevista ao JPN.

As obras não estão em permanência por causa da possibilidade de vandalismo, mas podem ser visitadas das 10h às 23h/24h, “conforme o dia”. “Não queremos que as obras se estraguem”, explica Gustavo. Mas o tempo também não tem ajudado – e a verdade é que quase todas são vulneráveis à chuva. Por isso, espera-se mais dias de sol há que os que tem havido têm registado “uma adesão muito grande”, garante.

Mas para além de poderem usufruir das instalações, “qualquer pessoa pode apresentar sugestões de problemas a serem resolvidos, por exemplo”, diz Gustavo. Esta semana, por exemplo, o grupo está na Rua das Carmelitas até sábado a ouvir as ideias dos cidadãos do Porto. “Pode não ter uma reposta instantânea”, mas garantem que todas são anotadas e ponderadas.