Na sinuosa Rua do Bonjardim, no Porto, sobre a guarda atenta de um manequim de Lara Croft, encontra-se a PressPlay, uma loja de videojogos muito particular, especializada em colecionismo. Ultrapassar as suas portas é transpor um portal para um universo paralelo onde regressamos aos anos de ouro da Nintendo, da Sega, do Super Mario e das Arcades. O mundo adquire apenas duas dimensões, tal como os jogos de outrora.

No entanto, a recatada loja foi, durante quatro dias, palco de um stressante evento. Isto porque o reconhecido site Gamejolt organizou uma gamejam internacional em colaboração com o youtuber mais subscrito do mundo, PewDiePie. Diogo Stuart, dono da PressPlay, decidiu, então, disponibilizar o seu espaço para hospedar as equipas portuguesas que desejassem participar no evento.

Mas, o que é uma gamejam? Uma gamejam é uma competição entre equipas que, num espaço muito curto de tempo e sobre grande pressão, têm de produzir um videojogo do nada com base numa temática pré-definida. A temática deste evento foi “Divertido de se jogar, divertido de se ver”, isto é, o jogo deveria ser divertido para quem joga, mas também para quê vê o jogo a ser jogado. O limite estava na imaginação.

Equipas de todo o país rumaram ao Porto

Fomos então à PressPlay falar com Diogo Stuart, que “já tinha feito uma gamejam e queria voltar a fazer” e, assim, em parceria com a Game Jolt, decidiu retirar uns dias de trabalhos na loja para disponibilizar o espaço às equipas portuguesas que decidissem participar. Diogo descreveu este evento como “uma gamejam que é importante receber, com uma recompensa boa caso alguém conseguir chegar longe, que é, neste caso, a visibilidade de milhões de pessoas”.

Os participantes vieram de toda a parte, em equipas ou individualmente (e, neste caso, a PressPlay tratou de lhes arranjar uma equipa), do Norte ao Sul. Até em conferência com colegas dos Estados Unidos, os participantes debateram-se durante umas intensas 72 horas para terminar os seus jogos a tempo.

Diogo Stuart descreveu a gamejam como uma experiência peculiar, pois, embora “a renda não esteja dependente destas 72 horas, a sensação de stress está muito próxima disso” e toda a experiência serve como um lugar seguro para aprender. “Mesmo que falhes em tudo, aprendes imenso”, referiu Diogo, que também participou na iniciativa e estava a criar com a sua equipa um jogo de cartas chamado “Battle Channel”, onde os personagens eram personalidades do YouTube.

Videojogos com nomes que nunca mais acabam

Na verdade, animação no processo de criação dos jogos era o que não faltava. Jorge Tavares, por exemplo, co-fundador da LampWave Studio, estava a criar um jogo com um nome bastante peculiar, inspirado nos Monty Python: “The young Johnny McLol’s travel around the Globe and his quest for the game with no name (rather known as) McLol and the Missing Laughter”. Curto, não?

Aqui, McLol tem de viajar pelo mundo para conseguir restabelecer o riso que se perdeu. Sobre a origem desta peculiar ideia, JorgeTavares disse-nos que gosta de “dar largas à imaginação” e que “num contexto mais sério não é possível arriscar tanto”. A gamejam terminou nesta segunda-feira, às cinco horas da manhã. O cobiçado prémio para os dez jogos mais votados será a exposição obtida por serem jogados por PewDiePie. No total foram submetidos 800 jogos ao longo destes quatro dias e os vencedores vão ser escolhidos através de uma votação, cujos resultados serão conhecidos a 1 de dezembro.