Admitem que a decisão possa parecer “maluca” aos olhos de muitas pessoas, que a vêem “quase como um insulto”, mas João Fernandes e Rui Ferreira tomaram-na com consciência. Apresentaram a demissão no trabalho, fizeram as malas e partem para uma viagem de três meses pela Ásia. À “aventura que vão recordar para sempre” chamaram “Searching for Lotus”, e deram início esta segunda-feira, 16 de fevereiro.

Nenhum dos dois conhece o continente asiático, acharam que seria “o mais exótico” e aquele onde se conseguiriam “pôr mais à prova”, em contacto “com realidades e experiências diferentes”. Quem o diz é João, 26 anos, licenciado em Gestão pela Universidade do Minho tal como o amigo Rui, de 24.

A China é o primeiro país que estes dois amigos de Braga vão visitar: Pequim, Xangai, Hong Kong e Macau. Vietname, Cambodja, Laos, Tailândia, Myanmar, Bangladesh, Nepal e Índia são os oito países que se seguirão, numa média de dez dias por território.

A razão para João se demitir do cargo de responsável de “marketing” na empresa Edigma e Rui abandonar Moçambique, onde nos últimos dois anos trabalhou como responsável de logística? “Queremos um novo estímulo, em termos profissionais e pessoais, agitar os alicerces”, sintetiza João.

Não fizeram planos demasiado rigorosos, tentaram “ter uma espécie de filtro para não saber quase tudo antes” e serem surpreendidos ao longo da viagem. “A nossa vontade foi abdicar de uma certa vida que tínhamos e partir à descoberta da liberdade total”, diz, “uma viagem de descoberta exterior e interior”. “Quero, liminarmente, ter as amarras soltas, não ter nenhum compromisso durante ou no final da viagem”, sublinha João.

O centro do projeto é o site e as redes sociais do “Searching for Lotus”, que ambos esperam alimentar como forma de entreter o leitor. “Não é um guia de viagem — até porque não temos formação, conhecimento ou capacidade para dar conselhos —, é mais uma abordagem irreverente.” Compraram uma câmara de filmar GoPro, que vão prender ao peito para mostrarem a sua visão da Ásia.

“No fundo, o que queremos passar é uma mensagem de esperança: se tiverem oportunidade de tomar decisões arrojadas como esta, corram mais riscos”, aconselha João.