Na estreia nacional da longa metragem sul-coreana Haemoo, o auditório principal praticamente esgotado do Rivoli espelhou a importância que o Fantasporto tem vindo a lograr nos últimos anos junto dos portuenses, e não só. De facto, a forte identidade que o festival cinematográfico apresenta suscita o interesse de gente de todo o mundo.
“Este ano vamos ter filmes vindos de Cuba, das Filipinas, do Iraque”, referiu Beatriz Pacheco Pereira na abertura oficial da 35.ª edição do evento, que se deu nesta sexta-feira, enaltecendo a diversidade do festival que terá, nesta edição, “mais estreias e antestreias” do que o ano passado, havendo também espaço para o Fantas Classics, que homenageia grandes figuras do cinema clássico americano, como Orson Welles ou Fred Astaire. No discurso, a diretora e uma das fundadoras destacou o “serviço público” que o Fantas presta e lamentou a falta de apoios para a Cultura.
O preço dos bilhetes aumentou
A 35.ª edição do Fantasporto trouxe, além dos filmes, uma novidade: o aumento de preços dos bilhetes. No ano passado, os preços variavam entre os quatro e seis euros e, nesta edição, os bilhetes ficam entre os cinco e os sete euros. Algo que Marta Maia, uma espectadora, considera natural: “Os preços aumentaram porque penso que é a única maneira de continuar com o festival”. Ainda assim, os valores mantêm-se “convidativos”.
Drama sul-coreano baseado em factos reais e clássicos americanos marcam o primeiro dia
“Um filme intenso, dramático”. Esta é a opinião de Tiago Almeida, 31 anos, um dos espectadores, à saída do auditório do Rivoli, após a exibição de Haemoo, drama sul-coreano de Shim Sung-Bo que conta a história baseada em factos verídicos de uma tripulação de um navio de pesca que aceita uma perigosa missão de tráfico de imigrantes ilegais. Um cenário circunscrito ao barco, a intensidade da relação entre os marinheiros e os imigrantes, e um improvável romance foram os pontos de uma longa-metragem que pareceu, por vezes, uma caricatura de si mesma.
A partitura sonora dramática excessivamente utilizada, a falta de passado e presente das personagens e o exagero patente em algumas cenas provaram que é difícil acreditar que a obra é baseada em factos reais. As opiniões, porém, foram unânimes. “Gostei muito, apesar de o final ser um bocado inesperado. Mas já estou habituada, porque sou fã do cinema sul-coreano”, diz Marta Maia, de 20 anos, partilhando a opinião de Tiago.
Antes da longa-metragem sul-coreana, o certame homenageou, durante a tarde, Orson Welles, com a exibição de Citizen Kane, um dos mais aclamados filmes de sempre, e Journey Into Fear. O tributo ao cinema clássico americano ficou completo com a mostra do filme Top Hat, protagonizado por Fred Astaire e Ginger Rogers.
A importância do Fantas
No primeiro dia oficial de Fantasporto, foi novamente destacado o papel do festival na cidade do Porto. “O festival tem a sua importância no Porto e a exibição de estreias e antestreias mundiais faz com que o Fantas também seja forte no panorama internacional’’, considera Tiago. A opinião de Marta não foge à de Tiago, revelando ser adepta do Fantas: “O festival é importante para a cidade e tenho vindo a todas edições mais recentes”.