A globalização permite-nos transformar quilómetros em centímetros e colocar paisagens do mundo à distância de um “click”. O encurtamento da distância/tempo, potenciado por esta universalização, vai alimentando o desejo de conhecer diferentes coordenadas geográficas e a verdade é que as viagens low-cost podem saciar esta vontade. Roteiros elaborados por agências e manuais de viagem feitos por bloggers servem como fonte de inspiração para os mais aventureiros, que planeiam os caminhos a percorrer com base nestes instrumentos.

Segundo o site Vira Volta, no que diz respeito à alimentação, o viajante deve fazer as suas compras nos pequenos mercados locais, pois os preços praticados pelos restaurantes turísticos são, por norma, bastante altos. Além disso, conversar com os residentes locais para perceber os sítios que frequentam podem ser boas referências na descoberta das melhores oportunidades, assim como recorrer ao uso de transportes públicos, boleias, partir na temporada baixa e viajar a um ritmo lento, para obter um melhor aproveitamento.

No que toca ao alojamento, é importante que o viajante se dispa de qualquer preconceito e não rejeite fazer “couchsurfing” – dormir em casa de residentes locais que oferecem o sofá – ou “house sitting” – passar a noite em casa de pessoas locais, que oferecem a casa a troco de algumas responsabilidades (tomar conta dos animais de estimação dos residentes, por exemplo). Duas opções de alojamento pouco convencionais, mas que estimulam o espírito de aventura e proporcionam um contacto mais saudável e direto com os locais visitados.

Fazer couchsurfing pode ajudar a poupar

Luís, natural de Espinho, tem 37 anos e recebe couchsurfers em sua casa desde 2009. Já acolheu mais de 200 pessoas, mas só fez couchsurfing uma vez. O conceito, que conheceu através da televisão, relembrou-lhe a sua adolescência e fê-lo querer reviver velhos tempos: Luís trabalhava no parque de campismo da sua cidade – o que lhe dava oportunidade de criar um contacto próximo com os turistas – e os seus pais tinham o hábito de receber pessoas. Hoje em dia, abre as portas da sua casa a viajantes, mostra-lhes a sua cidade e oferece, ainda, uma visita guiada pelo Porto. Afirma que a experiência só faz sentido se as pessoas estiverem dispostas a conviver, a partilhar vivências culturais e a trocar aprendizagens: couchsurfing é, para Luís, muito mais do que ceder um espaço para dormir.

O site Hostel World sugere também algumas opções para não gastar muito dinheiro em viagem. Segundo a página, os viajantes devem aproveitar os dias em que as visitas aos museus são grátis, dormir em hostels, adquirir cartões de turismo com descontos ou até mesmo optar por viagens de comboio durante a noite, pois assim poupa-se uma estadia. Além disso, os destinos menos turísticos – e, por isso, muito mais baratos –, são uma oportunidade para descobrir os sítios que não aparecem nos roteiros típicos. Há um mundo para visitar para lá de Nova Iorque, Londres, Paris, Roma, Madrid…

Existem já vários portugueses praticantes deste tipo de viagens, entre eles Miguel Trindade, com quem o JPN esteve à conversa. Miguel tem 21 anos, terminou uma licenciatura em junho do ano passado e decidiu embarcar num ano sabático. Já visitou 31 países e não acredita que o dinheiro o impeça de viajar.