“Das Piratas à Internet: 25 anos de Rádios Locais”, assinado por Ana Isabel Reis, Fábio Fonseca Ribeiro e Pedro Portela, é lançado esta tarde, às 17h, na Universidade do Minho (UM). O livro nasce do projeto “Estação Net: moldar a rádio para ambiente web”, com o apoio da FCT. Esta obra tem como objetivo perceber o papel das rádios locais em Portugal e o impacto que a Internet teve neste meio. Para Pedro Portela, este estudo “mais do que conclusões, quer fazer perguntas”, em busca de um paralelo entre o passado e o presente, bem como a evolução das rádios pirata e, atualmente, a influência e potencialidades da Web.

O estudo é o resultado de um trabalho coletivo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Sociais da UM e inclui, também, 9 entrevistas a figuras influentes no panorama nacional da rádio nos anos 80. Ana Isabel Reis, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), conta que as primeiras rádios pirata eram “feitas na garagem lá de casa ou na varanda, em que as pessoas construíam aquilo tudo, e se as emissões não iam para o ar nós ríamo-nos”. Estas aventuras deram origem a grandes jornalistas e profissionais de rádio, ainda hoje no ativo.

A produção desta obra coincide com os 25 anos de legalização das rádios pirata e Fábio Fonseca Ribeira acredita que “é possível recuperar um pouco daquilo que era o espírito das rádios pirata”, porque foram experiências marcantes, tanto para a comunicação social e profissionais como para as comunidades.

Livro disponível online

Editado em formato eletrónico, o livro tem acesso gratuito no site do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Uma tiragem limitada de exemplares em papel está também disponível para venda a público.

A descaracterização das rádios locais

“Das Piratas à Internet: 25 anos de Rádios Locais” revela não só uma perspetiva histórica, mas também contribui para discutir o atual cenário das rádios locais. Ana Isabel Reis fala dos problemas financeiros destes pequenos meios e revela que “há aqui um desfasamento entre aquilo que é oferecido e aquilo que as pessoas querem”, talvez porque cada vez mais as rádios locais são integradas nos grandes grupos e retransmitem aquilo que é produzido a nível nacional. A docente de Letras realça ainda que “falta diversidade, uma rádio menos científica, mais espontânea, mais comunicativa. Nós temos as músicas nos mp3 e, portanto, a rádio não pode dar só música, tem que dar outras coisas”, por isso os conteúdos devem aproximar-se do dia-a-dia dos ouvintes.

Quanto à relação da rádio com a Internet, Pedro Portela afirma que “o som e a linguagem sonora vão estar sempre no centro daquilo que é entendido como rádio, mas que hoje tem potencialidades maiores de universalidade e até de semântica porque a estética digital do som traz potencialidades que se calhar antes não existiam”. O facto de cada vez mais pessoas acederem a este meio através dos mais diversificados dispositivos (como telemóveis, computadores e tablets), sobretudo por causa da internet, faz Pedro Portela acreditar que “é um momento importante para que a rádio possa tirar partido da Internet para se revitalizar”.

A rádio adaptou-se, evoluiu, mas não morreu. Resta saber até que ponto a Internet se apresenta como aliado de um meio que não mais é apenas sonoro. A evolução do panorama radiofónico nacional e o advento da Internet são questões em destaque no livro “Das Piratas à Internet: 25 anos de Rádios Locais”, apresentado esta terça-feira, às 17h, na sala de Atos do Instituto das Ciências Sociais da Universidade do Minho.