Numa época em que ser geek (pessoas que são fãs de jogos, videojogos, filmes, banda-desenhada, entre outros elementos da cultura pop) está cada vez mais na moda, o JPN percorreu o Porto à procura de uma comunidade que se junte para colocar em prática tamanha paixão. Encontrou isso na Arena, local onde há “modalidades” para todos os gostos.
No que diz respeito aos jogos de cartas, também conhecidos por Trading Card Games (TCG), existem três grandes nomes: Magic: The Gathering, Pokemon e Yu-Gi-Oh!. Todavia, em termos comparativos, o Magic é uma força sem igual. Este jogo já existe desde 1994 e conta com uma fanbase muito grande, expandida por todo o mundo.
Quem pensa que o negócio das cartas não tem grande força, engana-se. Existem cartas valiosas que valem centenas de euros, mas as mais raras podem ascender aos quatro dígitos, passando os mil euros.
Há quem jogue de forma profissional, o que implica uma atualização constante do baralho. Porém, é possível começar devagar com um baralho de beginner, que vai sendo melhorado semanalmente.
Cartas Magic
Um jogo de Magic envolve dois jogadores e centenas de estratégias. Quem presencia um desafio destes, ouve expressões como “flooded“, que parecem chinês.
A Arena conta com cinco torneios semanais de Magic, que, sendo a força dominante das cartas, permite a competição entre mais de 70 pessoas. Quando os jogadores querem aprender a jogar podem escolher uma liga mais equilibrada, onde todos os competidores têm baralhos de valores similares. O valor de um baralho para iniciantes custa cerca de 12 euros.
Hoje em dia, a cultura geek volta a estar muito presente. Programas como The Big Bang Theory, convenções como Comic Con e filmes de super heróis ajudaram na propaganda deste movimento. Danny Rangel, membro do staff da Arena, afirma mesmo que estes fenómenos trouxeram “muita gente que antigamente pensava que os geeks eram quem ficava fechado no quarto”. Mesmo assim, aparecem todos os tipos de pessoas nesta loja, como raparigas e mesmo pais com os filhos.
Mundo físico vs Mundo virtual
Mesmo vivendo numa era tecnológica, ainda existem muitos jovens que procuram o convívio de jogos de cartas físicos. Francisco Moreira, gerente da Arena (também conhecido por Máximo), afirma que isto acontece devido à componente social. “Uma coisa é estar em frente ao computador, com amigos virtuais, mas não é o mesmo que a vida real”. Por exemplo, jogar frente a frente implica expressões faciais.
Quem entra na loja não vê qualquer referência ao mundo tecnológico. Máximo afirma mesmo que existe uma relação “amor-ódio”, porque o digital tanto retira clientes como serve de propaganda. O próprio online fomenta o convívio, já que as pessoas que se conhecem nas plataformas digitais tendem a conhecerem-se e jogar presencialmente.
Board Games
O Dixit é um jogo de tabuleiro para três a seis jogadores e promete diversão para cerca de 30 minutos. Cada jogador tem a oportunidade de narrar a história do jogo.
Um componente muito forte que acaba por favorecer o jogo físico é o colecionismo. O facto de ter cartas raras ganha uma dimensão diferente quando se tem o objeto físico, visto que a posse da carta na vida real acaba ser superior do que tê-la no mundo digital.
Mas existe um mundo paralelo às cartas. Existem board games muito diferentes dos que o comum do jogador está habituado. As prateleiras da Arena estão cheias de jogos como o Catan, o Carcassonne, o Dixit e o Munchkins, substituindo os jogos de tabuleiro como o Monopólio e o Trivial. Todas as sextas à noite existem torneios de board games que fazem com que clientes compitam num mundo muito diferente das cartas, apesar de também ser necessário muito cuidado e estratégia.
Um outro tema que está muito na moda são os Zombies, graças a séries televisivas como The Walking Dead, que saltaram da televisão para contagiar jogos de tabuleiro. Todavia, antes de chegarem ao ecrã das nossas televisões, já existiam em comics, também disponíveis na Arena. Juntamente com os super heróis, como o Batman, o Superman e o Wolverine, os comics também são um mundo de sucesso na cultura geek.
Mas o que distingue um comic de um manga? São ambos bandas desenhadas, mas os comics contam com a vantagem de serem a cor. Os mangas que contam com nomes de peso como Naruto, Bleach e One Piece, e são conhecidos por serem de origem japonesa e estarem maioritariamente impressos a preto e branco. Porém, “os manga já venderam mais”, muito devido à Internet.
Comics
Comics como Superman, Batman e Wolverine são caras presentes na Arena. Mas também existem bandas desenhadas nacionais como DogMendonça e PizzaBoy e outras internacionais.
“O nosso público é muito universitário”
Danny Rangel e Máximo Moreira conseguem ligar os estudantes de diferentes cursos a certos jogos. “O nosso público é muito universitário. Um dos jogos que interessa aos estudantes de letras é o Dungeons and Dragons (board game), devido ao seu componente literário que faz lembras os livros do Tolkien. Os estudantes de Ciências, Medicina, Gestão e Engenharia costumam optar pelo Magic, por ser um jogo em que é necessário lidar com números”. Existe mesmo um mercado bolsista ligada ao negócio das cartas, onde os interessados preveem o que acontece com o valor das cartas.
Todos estes jogos acabam por ganhar uma dimensão muito para além de um simples desafio.
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