No 89.º debate do Clube dos Pensadores, o “convidado de honra” foi Miguel Cadilhe, ministro das Finanças de Cavaco, entre 1985 e 1990, e presidente do BPN em 2008, até à nacionalização do banco.
“Por vezes, a democracia escolhe pessoas que não prestam. Como é que a democracia nem sempre distingue a tempo e não segrega os políticos de pouca diligência, de débil carácter, puro sacana, velhaco?” Com as legislativas à porta, Miguel Cadilhe diz que nestes últimos quatro anos a democracia portuguesa assistiu ao “desperdício da maior oportunidade reformista, o melhor ensejo social e político dos seus quarenta anos para realizar mudanças de efeito permanente” e que “o grande reformador não apareceu”. Para Cadilhe, as perspetivas para as eleições de 2015 não são as melhores pois “nada vão tratar ou resolver”.
O ex-primeiro ministro apontou o dedo à centralização de poderes na democracia que, “por vezes podem conviver com a formação de monstruosidades de despesa pública”, referindo os submarinos e “a extravagância das parcerias público-privadas”, acrescentando que o país não estava preparado para receber a moeda única e que “estamos agora a sofrer as consequências disso”.
O Clube dos Pensadores comemorou, esta segunda-feira, nove anos de existência. O seu fundador fez um balanço positivo deste percurso, que nunca pensou que tivesse tanta adesão “e não existiria sem as pessoas”, fazendo uma achega ao não reconhecimento do seu trabalho por parte dos jornalistas. Entretanto, e apesar de levar este projeto “passo a passo”, Joaquim Jorge, tem vários planos para o futuro, entre os quais um livro de pedagogia cívica.