Fazer a diferença na vida dos jovens foi o que motivou o Padre Marçal e o Rui Dantas a aceitarem o desafio de integrarem as instituições. A entrada do Padre Marçal no Lar Juvenil dos Carvalhos surgiu de um pedido para tomar conta da casa, “sabendo das problemáticas que existiam”, viu que ser voluntário na instituição era um “grito premente”. Já Rui Dantas, candidatou-se em 2003 ao cargo de diretor da Aldeia S.O.S. “sempre gostei de desafios, este pareceu me um desafio super interessante.”

Os jovens e as crianças são colocados nas instituições depois de serem retirados à família biológica por entidades responsáveis, como por exemplo o Tribunal. Encontram nestas quatro paredes uma nova família, uma nova vida. Deixando para trás a negligência parental, as crianças são quando existem maus tratos, violência, ou seja, as crianças são retiradas, pela comissão de proteção de menores, segurança social, tribunais e são acolhidas “pela família alargada, quando não é possível colocá-las logo para adoção, ou seja, são colocadas numa instituição num lar de infância juventude até a família reunir condições para acolher de volta essas crianças”, afirma Rui Dantas. Muitos são os casos em que os jovens ficam até aos 21 anos saindo com formação para encarar a vida adulta.

As instituições

O Lar Juvenil dos Carvalhos (Fundação Claret)

A Fundação Claret, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social e é o suporte jurídico do Lar Juvenil dos Carvalhos. Presta serviços e gere a ação social, como também educa e forma jovens e crianças. O Lar Juvenil dos Carvalhos, antes chamado “Escola de Artes e Ofícios” foi projectado há 28 anos. Atualmente o presidente é o Padre Marçal da Silva Pereira.

Aldeia SOS Gulpilhares

A Aldeia SOS Gulpilhares é uma aldeia de crianças, com um modelo familiar de acolhimento a longo prazo para crianças órfãs e abandonadas. A Aldeia SOS tem 4 princípios: as crianças precisam de uma mãe, cresce com os irmãos, na sua casa e dentro de uma ambiente de entreajuda.  Foi criada em 1964 pela Dra. Maria do Céu Mendes Correia e a Dra. Palmira Cabrita Matias, juntamente com outros amigos.

Apesar de alguns residentes visitarem os pais ao fim-de-semana, os jovens e as crianças ainda veem a representação do “pai” nas atitudes amigas do Padre Marçal e do Rui Dantas. “Muitos deles, ou chamados por mim, ou pedindo, são eles que vem conversar comigo, pôr os seus problemas (…)”, diz Padre Marçal, que luta todos os dias para que os jovens não encarem o lar como “uma casa de castigo”. Rui Dantas sente o mesmo em relação a ser um ombro amigo.

A luta de proporcionar uma vida em que nada lhes falte é um desafio constante. A Aldeia S.O.S. de Gulpilhares tenta que nada falhe “a nível escolar, a nível de alimentação, a nível de roupa. Procurámos proporcionar também uma educação plena para que possam crescer adultos em pleno. (…) incluí-los também no dia-a-dia (…) nas idas às compras para saberem o que custa. Eles próprios têm que gerir o seu dinheiro.”

Além da escola, os jovens têm a preparação para a vida real nas instituições. Tal como um pai, o Padre Marçal ensina-os a regar as plantas, a saber o que é uma picareta, os nomes das árvores, e acima de tudo estes ensinamentos “fazem parte de um certo conhecimento que vão encontrar lá fora.”

O tempo passado na instituição não é esquecido mesmo quando de lá saem. Quando os vão visitar, as figuras paternais veem o seu esforço recompensado. Para o Padre Marçal, permanece o mistério de saber como é que os seus ensinamentos ficaram retidos nos jovens. Já Rui Dantas reconhece que vale a pena todo o esforço.

“Diria que a minha vida em cada dia é um hino de alegria”, diz Padre Marçal. Neste dia do Pai, o maior presente que o Padre Marçal e o Rui Dantas podem receber é reconhecimento da entrega diária a esta missão que é ser Pai de Coração.