Há quatro meses, em pleno inverno, Elias Stadler, de 19 anos, partiu da Alemanha de bicicleta. Na mochila trouxe um portátil, uma máquina de filmar, três mudas de roupa e algum dinheiro. O objetivo? Documentar, via YouTube, a sua viagem até Portugal – mais especificamente, ao Porto.

Mas afinal, porquê Portugal?

Apesar do facto de Portugal ser um país “mais quente” do que a Alemanha ter sido um ponto a favor, a decisão não foi fácil. “Não tinha a certeza se devia escolher Portugal ou Bulgária, Europa de Este ou Leste… No fim decidi vir a Portugal, todos me disseram que era um bom lugar para visitar”, contou ao JPN.

Depois, coube a Elias decidir entre Porto e Lisboa. A escolha recaiu sobre o Porto, uma cidade que considera “extretamente turística” e, apesar de não ter partido com quaisquer expetactivas prévias acerca do país, surpreendeu-se com a simpatia dos portugueses, que considera afáveis e hospitaleiros.

Os seus vídeos no YouTube documentam a passagem de bicicleta pela Suíça, Áustria, Lichenstein, França e até Espanha. Em Portugal, encontrou alojamento num apartamento de estudantes, onde ficará durante o próximo mês.

YouTube como rampa de lançamento

Elias, ou FictionSource como é conhecido na rede social, conta com 541 seguidores. Sem curso superior, Elias encontra no YouTube a sua principal fonte de rendimento, onde publica os seus vídeos sobre a sua viagem até Portugal. “Ainda estou a fazer upload de todos os vídeos, vou demorar cerca de um mês até ter todos os vídeos no meu canal. Depois, vou fazer upload dos meus vídeos do Porto e, de seguida, devo continuar a minha viagem de bicicleta até Lisboa”, diz ao JPN.

O YouTube é, presentemente, uma rampa de lançamento para muitos jovens que apostam na plataforma para criar carreiras em diferentes vertentes. Esse é o objetivo de Elias mas confessa que, de momento, não ganha dinheiro suficiente para financiar as suas viagens.

Sobreviver com a casa às costas 

Sem grandes possibilidades, poupar é a palavra-chave. “No total, gastei exatamente 15 euros em dormidas nos últimos quatro meses: cinco euros por uma estadia de uma noite numa albergaria para peregrinos, no Caminho de Santiago; por duas noites, fiquei num local religioso, que me custou 10 euros”, contou Elias.

Percorrer a Europa de bicicleta implica dormir em locais pouco comuns. “Um dia antes de chegar ao Porto, dormi num quartel de bombeiros. É surpreendente o facto de poder fazer isto em Portugal. Noutros países, como em Espanha, não te deixam dormir em sítios como esses. Em França, por exemplo, foi muito fácil dormir num hospital. Na Alemanha, um polícia convidou-me a dormir numa cela por uma noite.”

No que toca à alimentação, os supermercados são o seu restaurante. “Nunca como em restaurantes. 99% das vezes como em supermercados, gasto em média dois euros por dia e compro baguetes, fruta, molhos… Procuro sempre comida barata.”

Uma experiência memorável

Quando tomou a decisão de partir até Portugal de bicicleta, os pais discordaram. “Ao início, queriam impedir-me. Diziam, “tens que ficar em casa”. Agora, depois de quatro meses de viagem, sabem que sou capaz e apoiam-me. Os mais pais ligam-me, normalmente, uma vez por semana”, confessa.

Não mantém contacto com os amigos de casa, mas vai fazendo amigos por onde passa. “Queria afastar-me dos meus pais. Queria conhecer gente jovem, os meus pais não são jovens. Vou a universidades para conhecer gente jovem.”

Elias não se arrepende deste percurso, mas foram muitas as vezes que pensou em desistir. “Tive algumas más experiências aqui e ali. Algumas vezes senti-me mal, outras vezes quis acabar com a viagem e voltar para casa. Mas, no final, foi uma boa experiência”, garante.

Mapa YouTube Bicicleta Elias