Na passada segunda-feira, 23 de março, o país assistiu ao maior protesto de estudantes contra cortes no Ensino por parte do Governo. Por todo o território nacional, associações e estudantes de diversas academias uniram a voz reivindicando o direito à educação e exigindo financiamento para uma melhor qualidade nas escolas.

O primeiro ministro, Pedro Passos Coelho, quis assinalar o dia com um almoço/reunião em Braga com a presença de vários responsáveis de associações e federações académicas de todo o país. Bruno Matias, da académica de Coimbra, recusou o convite, mostrando desta forma o desagrado com as medidas tomadas pelo Governo.

Reunião em Braga

O almoço realizado na passada segunda-feira, em Braga, reuniu membros do Governo e dirigentes de diversas associações e federações académicas de todo o país. Pedro Passos Coelho, o secretário de Estado do Ensino Superior e o secretário de Estado do Desporto e Juventude marcaram presença na cerimónia que ficou marcada pela ausência da Associação Académica de Coimbra.

No ano em que completa 104 anos de existência, a Universidade do Porto (UP) destaca-se pelos seus mais de 30 mil alunos e por fazer parte das melhores instituições da Europa. A Federação Académica do Porto (FAP) aceitou o convite e esteve presente no almoço com Pedro Passos Coelho em Braga. “Estivemos presentes cá, tal como outros dirigentes de diversas academias, que fazem o trabalho de proximidade com os estudantes”, refere Daniel Freitas, presidente da FAP, ao JPN.

Relativamente à questão de ausência da academia de Coimbra neste evento organizado pelo Governo, o dirigente da academia do Porto prefere não tecer comentários sobre o assunto. Apenas afirma: “Nós, enquanto assistentes de federações e associações de estudantes académicos que estiveram presentes, estivemos cá para apresentarmos as nossas ideias, para debater com o chefe máximo do Governo as nossas preocupações e as preocupações do movimento estudantil. Viemos cumprir o nosso papel”.

Segundo fontes oficiais da FAP, o almoço/reunião desta segunda-feira serviu para focar preocupações, discussões relativamente ao Ensino Superior. Ao longo da cerimónia estiveram presentes, para além de Pedro Passos Coelho, o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, e o secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro.

Missão cumprida

Apesar de nada ter ficado decidido no almoço de segunda-feira, o presidente da FAP acredita que foram cumpridas e deixadas implícitas todas as propostas apresentadas e considera que a reunião foi um passo importante para um diálogo entre associações e Governo. “A todos os estudantes que estão em questões de abandono ou de dificuldade social, solicitamos que batam a todas as portas possíveis, das suas associações, das federações académicas e de instituições. Muitas vezes é pelo facto de o problemas não serem conhecidos que não são resolvidos”, explica Daniel Freitas, presidente regente da FAP.

Bolsas

As questões abordadas por Daniel Freitas referem-se à calendarização dos pagamentos das bolsas, sendo a resposta positiva por parte do Governo. “Nós manifestámos preocupações sobre o regulamento de atribuição de bolsas a estudantes do Ensino Superior, portanto, o nosso principal objetivo foi positivo. Os estudantes recebem a bolsa num dia marcado todos os meses, tal como recebem os pensionistas. Pareceu-nos ser a partida um compromisso feito pelo Governo”.

Abandono escolar

Ainda foram debatidos temas como a criação de um relatório referente ao abandono escolar. “É importante para nós, até ao final da legislatura, haver um relatório sobre o abandono escolar, dando, desta forma, uma revolução na Assembleia da República que já data de 2013 e que instituía o Governo a fazer um relatório sobre o abandono escolar”.

Acesso ao Ensino Superior

Por último, o acesso ao Ensino Superior foi outra das grandes preocupações de Daniel Freitas. “Relativamente às alterações das regras de acesso ao Ensino Superior Politécnico, fomos incisivos nessa parte, manifestando-nos contra a proposta, como já o tínhamos feito noutros fóruns”. “O primeiro ministro percebe que há aqui alguma debilidade nesta proposta que é feita, também corroborada pelo secretário de Estado do Ensino Superior, que diz que é má”.