O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Tecnologia e Ciência (INESC TEC) vai fazer parte do projeto europeu sobre exploração mineira em zonas subaquáticas. Ao abrigo do programa Horizonte 2020, o projeto de investigação e desenvolvimento ¡VAMOS! (Viable Alternative Mine Operating System) iniciou-se no passado mês de fevereiro e vai ter a duração de 42 meses. Em Portugal, para além do INESC TEC , são também parceiros a Minerália e a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM).

O objetivo do projeto ¡VAMOS! é a criação de um “protótipo robótico para exploração subaquática de minas terrestres” que permita minerar depósitos de matérias-primas, conhecidas pela designação mais comum “minas de céu aberto”.

Nos últimos anos, a maioria destas minas foram abandonadas, muito devido aos elevados custos económicos face às técnicas disponíveis tendo em conta a riqueza dos depósitos e variações no preço do mercado. Outro fator que contribuiu para esta diminuição foi a insustentabilidade ambiental, face ao contínuo conflito na ocupação dos espaços entre esta indústria e zonas habitacionais.

Razão para a exploração subaquática em minas terrestres

“As minas que endereçamos para aplicar esta tecnologia são aquelas cuja distribuição espacial do material a minerar é vertical ou semi-vertical e, simultaneamente, possuem um nível freático elevado. Para podermos retirar o material para ser processado necessitamos, por um lado, de retirar grandes quantidades de material não desejado e, para a equipa de extração aceder a níveis cada vez mais profundos, necessitamos, por outro lado, de bombear continuamente a água da mina”, explica Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Inteligentes (CROB) e responsável pelo ¡VAMOS! por parte do INESC TEC.

Outras vantagens deste tipo de exploração é o desaparecimento de perigo de acidentes e da exposição dos trabalhadores a ambientes nocivos da mina. Explosões para chegar ao material a extrair também deixam de ser necessárias, o que previne riscos de dano estrutural das paredes da mina, bem como os ruídos e as vibrações para quem habita nas zonas circundantes.

Os meios logísticos também serão reduzidos e o facto de a operação ser realizada debaixo de água faz com que o pó desapareça nas vizinhanças, assim como a necessidade de utilizar grandes meios logísticos para a operação na mina, além de se evitarem problemas hidrológicos.

Realização de testes

Os protótipos serão testados em dois locais em Portugal. Na mina de S. Domingos, no Alentejo, e na mina da Bejanca, a poucos quilómetros de Viseu. Fora de Portugal, os testes acontecerão na baía de St. Ives, no Reino Unido, e em Vareš, na Bósnia e Herzegovina.

Projeto é composto por 17 parceiros

Este consórcio europeu envolve uma equipa de cerca de 100 técnicos e investigadores. Sob a coordenação do BMT Group Ltd e gestão técnica do Soil Machine Dynamics Ltd, o projeto conta com um consórcio de 17 parceiros pertencentes a nove países europeus – INESC TEC, Minerália Lda e Empresa de Desenvolvimento Mineiro SA (Portugal), Soil Machine Dynamics Ltd, Fugro EMU Limited, Marine Minerals Ltd (Reino Unido), Damen Shipyards Group e Trelleborg Ede Bv (Holanda), Zentrum für Telematik e.V. e Sandvik Mining and Construction G.m.b.H (Alemanha), Montanuniversität Leoben (Áustria), Geological survey of Slovenia (Eslovénia), La Palma Research Centre for Future Studies (Espanha), European Federation of Geologists (Bélgica), Federalni zavod za Geologijo e Fondacija za obnovu I razvoj regije Vareš (Bósnia e Herzegovina).

No INESC TEC, o projeto vai ser liderado pelo Centro de Robótica e Sistemas Inteligentes (CROB), com a coordenação de Eduardo Silva, e vai contar com a participação do Centro de Fotónica Aplicada (CAP).